segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Amor impossível versus Amor possível


Ouvindo estes termos semanas atrás, fiquei a pensar sobre o que o cancioneiro popular e a literatura nomeiam sobre estes dois matizes da afetividade. No amor possível, um relacionamento amoroso é cercada de uma forma de amor que chamaríamos de amor concreto, o amor do cuidado com o outro. Um ponto que pode minar esta motivação é justamente o da certeza de tudo, do romance rotineiro, de um amor blindado, racionalizado, em que nada pode dar errado, uma suposta predestinação sacralizada, pois se baseiam em crenças que não podem exclusivamente nutrir uma vida a dois; o que é rígido tende a quebrar. E o amor impossível? Ah, quantos já desistiram dele, pois é o amor do sofrimento, das desilusões e das esperas, assim como os dramaturgos escrevem tanto. Na verdade, não fazemos idéia das belas surpresas de um amor impossível, tão propalada com inalcançável, é o amor corajoso, despojado das bagagens “do que já viu na vida”, é o amor que pode ser revivido, resgatado, sonhado e realizado, o amor da celebração da juventude e o brinde da alegria. Você se atreveria a ter um caso de amor com seu cônjuge ou parceiro(a)? Amor impossível, um desejo viável, que não precisa ser eterno, só precisa ser renovado, um amor inesperado todos os dias, com todas as cores e sabores em nosso belo e previsível mundo.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

lutar por um grande amor? como assim?

     


     Já li tantas frases que defendem essa ideia, mas eu me pergundo se isso tem fundamento. É interessante notar que, na infância, ainda que hoje, o sistema de capital tenha levado os pais a idealizarem nos filhos, a prosperidade ou o aumento do sucesso, quer seja no investimento em cursos, modalidades esportivas, aprendizado de um idioma, você sabe do que eu estou falando, enfim, ainda que se assegure que isto é amor, ( e quem vai dizer que não é!) cada família, cada cultura, uma linguagem, na maioria das vezes esse é a única linguagem que aprenderam, o lutar pela felicidade dos filhos que na prática, lutar pelo amor dos filhos. Estes por sua vez, por serem em extremo dependentes, por sua vez aprendem que essa é a única linguagem, a do favoritismo e do bem-estar fisico e social. No entanto, aquilo que se proponha ser incondicional, tem como resultado a suposta legitimidade de se esperar que esta criança ao crescer “aprenda a ser grata” por tantos investimentos preciosos, contando por fim, no desfrutar do progresso dos filhos quando aqueles chegarem à velhice. Para tranquilizar-lhes, sem partir para o discurso pessimista, entendo perfeitamente que todos os que procedem com investimento no progresso dos seus filhos, não estão condenados à frustração por receberem em troca mais tarde a ingratidão dos filhos, porque pode-se muito bem conceder-lhes todos aqueles recursos, tendo como recheio, como tempero, o afeto, a presença, a valorização ao seu filho, o que produzirá para este, um sentimento de suprimento, de mais-valia e de grandeza afetiva.
     Por esta razão defendo a ideia de que, o amor pelo qual de deve lutar é o amor pessoal, o cuidado de si mesmo, pois equivocadamente se vê em maior parte das vezes, no imaginário popular, através das novelas, alguém que queira lutar pelo amor de outra pessoa; uma pessoa que ao lutar pelo amor de alguém esquece a sua individualidade e até mesmo da sua dignidade, esta pessoa está longe de realizar o sonho de ter o seu amor ser reconhecido pelo outro, pois deixa escapar um importante detalhe, tão comum e tão óbvio: nós amamos porque amamos. O amor se aprende em casa, quando o pai e a mãe que amam seu filho(a), não meramente por algo que estes possam produzir, mas por eles serem resultado de um laço afetivo visceral, porém calcado no reconhecimento de que ali está uma nova vida como flor em botão, e como pais terem a missão de prepará-los para a vida e para o mundo.
     Uma vez que temos no início da vida, ainda que não plenamente como o amor acontece, temos condições de olhar para nós mesmos e compreendermos que jamais daremos aquilo que não temos, então tenhamos uma imensa estima por nós mesmos, digo, de forma positiva e saudável, não patológica, mas prontos a se amarem muito quando for o momento de renovar o próprio relacionamento ou ao dar sequencia na sua vida se for necessário dar uma guinada mais forte.
Um imenso abraço para vocês do seu amigo Carlos.



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Afinal, quem é esse sujeito?




O Termo “sujeito” é conhecido no estudo da Língua Portuguesa para definir aquele que é um dos termos essenciais da oração em Análise Sintática, ainda que popularmente é um termo que indica qualquer indivíduo em qualquer condição ou grupo social ao qual ele pertence. Como aqui eu não tenho a pretensão de fazer alguma palestra sobre este termo, apenas gostaria de colocar dois pontos que me tem me instigado ultimamente.
Quando eu era bem jovem na minha terra natal, eu ouvia muito este termo para se referir simplesmente a algum indivíduo atribuindo-lhe algum adjetivo, comentários como: fulano é um bom sujeito, um sujeito “boa praça” (gente boa), ou o inverso: aquele sujeito não presta pra nada, ou com reforço, ô sujeitinho besta! E assim fui ouvindo e assimilando este termo por longos anos.
Como já disse, não pretendo abrir uma tese sobre uma única palavra com essa variedade de aplicações em nossa língua, mas me restrinjo aqui ao sujeito como sinônimo de cativo, domado, dominado, dócil, escravizado, obediente, subjugado, submisso.
Ainda que no discurso da liberdade de expressão, da autonomia dos indivíduos, dos apelos do capital, que nos oferece uma forma interagir em especial com o mundo globalizado, somos na verdade sujeitos a um sistema de regras que envolvem uma submissão à tirania da beleza, da performance, do acumulo de bens ou mesmo uma sujeição a um estilo de vida que nos nomeia como indivíduos categorizados por classes.
Por isso, a melhor maneira de compreendermos a que mundo pertencemos, é reconhecendo que, independente de grau de instrução, de condição social, de gênero ou raça ou capacidade de realização; vivemos numa mesma aldeia, em que, nos reconhecendo nelas, é meio caminho andado para que nas relações com nosso semelhante sejamos livres do cruel delírio que é o de sermos melhores que o outro. Pode parecer uma filosofia de boteco tudo isso mas, quando mais cedo nos damos conta da inegável realidade de que precisamos uns dos outros, teremos uma vida mais serena e encontraremos mais facilidade em relevar quando ficamos frustrados pela conduta de alguém, como também será fácil nos colocarmos em lugar do outro quando somos induzidos a julgar as questões alheias. Portanto, ser sujeito é ser humano.

Um imenso abraço a todos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sentimentos velados.




Vi esta foto no facebook, não me contive e resolvi fazer alguns comentários.
Acho que a dança, seja de qual país for, em especial a dança a dois, mostra  muito a intencionalidade e a sedução, na maioria dos casos é o homem quem chama e conduz a mulher ao ritmo e ao movimento da música, bem se compara ao que acontece na natureza, o macho que desperta atenção, seduz com a emissão de algum som, algum odor  ou algum movimento que indique interesse de fazer par com a fêmea; aqui não vejo nenhuma conotação machista, ao contrário, mostra na própria natureza, também no comportamento humano, a mulher também deseja ser cortejada, elogiada, e com estes elementos satisfeitos, ela se deixa levar pela dança do amor, que constitui na humanidade a relação interpessoal e familiar, através da união conjugal e nossa organização como família e sociedade.  
Se procurarmos, no Brasil temos a dança de par, que varia em alguns elementos em várias regiões do nosso país, mas em  comum tem o elemento latinidade, que é uma forte sensualidade e molejo, herança que recebemos a vinda dos portugueses e dos negros para nossa terra; danças como a de Salão e o Forró, poderiam ser exemplificadas como as danças de par essencialmente brasileiras, mas por conta da nossa influência católica romana, estas danças são consideradas promiscuas por estarem num contexto social voltado para o lado boêmio e portuário; a religiosidade do brasileiro transforma então o erótico, que nada tem necessariamente a ver com o pornográfico,   em uma forma de subverter a religiosidade transformando o eros em segredo, para se proteger do que é considerado um dos sacramentos, comparado ao batismo e a Eucaristia; transformando a relação extraconjugal numa resposta a esta estrutura proposta para a uma união conjugal sólida, através do compromisso espiritual.  
A negação  da nossa latinidade resulta então naquilo que representaria em desestímulo  da expressão corporal, obviamente, não é lançar mão de um modo simplista e caricato do erótico, mas aquilo que complementa, não necessariamente através da dança artística, mas sim, a esplendorosa dança do amor romântico, que envolve tantas coisas de que os homens tem se esquecido, a gentileza, o cortejo, a fineza, a admiração, elementos que a mulher tanto espera e que faria a união conjugal se tornar nutrida e renovada com o passar das décadas.  
Quem sabe, com tantas mudanças na sociedade, de alguma forma, não que voltemos a uma forma antiga mas a um modo aperfeiçoado de lidar com o erótico, algo que faria diluir muitas  muitas formas de neurose; como seria bom que a educação sexual  e a dignidade nas relações humanas fossem transmitidas à criança, tão suficientemente, pelos seus pais, exemplos de afeto que essa criança veria em todo tempo, na cordialidade, no romantismo e na afeição. Espero que ainda tenhamos tempo para ver isto. Abraços a todos!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Analogias da razão imitando a vida - Parte 2

Bifurcação em Y 



Em tantas ocasiões acabamos nos lembrando da arte poética de Cecília Meireles, "ou isso ou aquilo"; quando ficamos diante de um dilema, diante de dois caminhos com angulos tão parecidos mas em sentidos opostos, a angústia frente a necessidade de acertar e ao mesmo tempo encontrar o que cada coração está buscando. Somos muitas vezes por força das circunstâncias, tendo que escolher por conta e risco uma saída para o desconforto em busca de alguma solução, desde uma coisa banal, casual, ou mesmo uma escolha importante e arriscada. Uma vez escolhido o caminho, sempre nos sentiremos tranquilos se usarmos nosso bom senso e a racionalidade, um mapa é uma boa ilustração da nossa vida, pois depende do fator tempo para irmos de um lugar ao outro, quando estamos orientados, sabemos os riscos mas temos uma direção clara a seguir, pagamos o preço das adversidades, se acertarmos, o mérito terá sido nosso pela conquista daquele espaço, por ter tomado o melhor caminho, mas também ganhamos quando lidamos bem com nossos erros, quando deixamos à parte o bom senso e a razão, em nome de algo que  vislumbramos mas que, quase sempre em tempo hábil, temos a grande oportunidade de recebermos um aprendizado, reconsiderar sua primeira escolha e corrigir o rumo, escolhendo a curva oposta. Se todos nós soubermos lidar com nossos equívocos com bom humor, sem o peso e a autocensura que se produz em nós, pela forma como tantos de nós fomos educados, quando se era premiado quem acertasse  e punido quem errasse; ainda é tempo de nos desvencilharmos destas armadilhas que muitas vezes nos fazem frear e não escolher caminho algum. Abraços deste amigo de vocês!

domingo, 27 de julho de 2014

Analogias da razão imitando a vida.

Parte 1: Confluência

No início de tudo era a necessidade da harmonia e da ordem, não tínhamos nenhum automóvel, tão somente veículos de tração animal ou montarias a cavalo, de forma que o esquivar-se de um pedestre ou entre os veículos era razoavelmente fácil, mas hoje a obediência a esta regra de trânsito tornou-se fator de preservação da vida. será que na relação entre as pessoas também não podemos fazer um paralelo? Não vou aqui falar tão  somente de relações conjugais ou de um namoro, mas de qualquer relacionamento seja social ou que resulte numa identificação que se configure o que chamamos de amizade. Então, é sempre saudável que eu considere o outro sempre numa via preferencial, alguém que está num rumo definido em busca de coisas bem distintas das que eu busco, coisas que nem mesmo a idade semelhante, religião semelhante, ideologia semelhante ou até mesmo do mesmo time de futebol, não significa que aquela pessoa está disponível para mim, por isso todo cuidado é pouco para se entrar nesta avenida movimentada que é a vida do outro; entrar forçado pode dar um tremendo problema, não se esquecendo que na ordem natural das coisas até a corrente sanguínea no nosso corpo não nos causa problemas arteriais, mas justamente aquilo que colocamos nas artérias é que são as causas de infartos e outros problemas que mexem com todo o ser humano. Então, ao fazer uma confluência, faça com humildade e gentileza, pois assim, pode ser que seja o início de um relacionamento saudável e duradouro.

terça-feira, 22 de julho de 2014

medo, este amigo fiel!



          Vemos hoje, frente às transformações na sociedade, a necessidade de uma crítica ou reflexão quando nos deparamos com algum novo pensamento, uma nova filosofia de vida; já é corrente a idéia de se repensar algum novo conceito, não propriamente aceitar sem restrição, mas ao menos compreender  que é uma forma de ver o mundo, a vida e aquele novo pensamento, a isto se chama, relativismo, termo considerado por muitos como a ausência do absoluto, mas enfim, as diferenças de pensamento estão aí à nossa volta e precisamos ao menos respeitar quem seja diferente de nós, porém, além disso, existe  um caminho que torna viável a comunhão de idéias, é a de ver a diferença com um olhar novo, de um novo ângulo.
          Medo - coloquei este título aí propositalmente, soa paradoxal e sarcástico, sendo que, justamente por via deste novo olhar que citei acima, é que vamos enfim, lidando com sentimentos e convicções antigas e entranhadas em nossa cultura e educação. Quem pode afirmar que o medo seja nosso amigo? Basta entendermos que diferente do instinto de sobrevivência dos animais, nós temos o medo como uma reação consciente que nos proteje e nos coloca limites. Enquanto o discurso do mercado de capital apregoa a invasão de limites, isso não encontra bons resultados quando se trata de ser humano. Assim como a coragem não é a ausência de medo, cabe a nós verificarmos em nossa forma de viver até que ponto não estamos nos expondo emocionalmente em troca, quem sabe de máximas como " se juntar aos bons", custe o que custar, até mesmo sua dignidade. Por aí vemos o quanto o medo e os limites são os nossos mais leais e fiéis amigos. Um grande abraço pra você!

veja também o embasamento científico:

embasamento científico:
http://www.portaleducacao.com.br/psicologia/artigos/49333/uma-abordagem-psicologica-sobre-o-medo

http://radarciencia.org/medo/

domingo, 15 de junho de 2014

Derrubando equívocos sobre auto-estima Parte 3


terceiro equivoco: Pessoas centradas e reservadas não desfrutam de auto-estima.


     Este pensamento parte justa e especialmente do preconceito e com a associação que se faz da auto-estima à passagem de uma imagem vencedora ao gosto dos ganhos de capital, como se imprime nos comerciais de TV, já não é de hoje. É necessário que se compreenda que a auto-estima não depende de julgamento alheio, não pode ser comparativo pois é algo altamente singular, que é percebido primeiramente por aquele que a usufrui, ou seja, não depende de um motivador, não é algo circunstancial; pode-se ter momentos agradáveis que até promovam a auto-estima mas é dentro de cada indivíduo que este gostar de si mesmo se estabelece independente do momento, pois está diretamente relacionado ao que este indivíduo pensa de si mesmo.
     Uma pessoa reservada não representa meramente alguém que se resguarda; é necessário que se entenda que existe de fato a timidez relacionada a uma dificuldade de expor os seus sentimentos em público, como por exemplo dificuldade de falar em público; há também o que é visto como timidez algo que faz parte da índole do indivíduo, que indica o seu direito de se preservar, ser cauteloso nas suas ações, isto é algo salutar para a o cuidado de si mesmo. Uma pessoa com poucas palavras mas que demonstra coerência quando expõe suas opiniões, alguém que não depende de grupos de estudo associado a outras atividades sociais, é também uma característica normal em pessoas que se reservam e nem por isso são arrogantes e com dificuldades de se comunicar. Quando surgem situações em que é necessário um certo isolamento para se concentrar nos estudos, abrindo mão de algumas atividades de lazer, isso demonstra disciplina e determinação, assim como fazem os atletas, que precisam treinar exaustivamente, às custas de deixar de lado um passeio com amigos ou mesmo um tempo para namorar; em suma: pessoas que buscam a disciplina, a organização da vida e de sua carreira só podem enfrentar estes desafios se tiverem uma ótima imagem de  si mesmo, o que apenas interessa a cada um.
O objetivo deste tema é na verdade, podermos compartilhar com nossos amigos na rede, assim de forma bem informal e direta, como compreendermos melhor o comportamento humano e assim possamos encontrar no meio de tantas pessoas, aquelas que vão nos inspirar e nos ensinar a ter um verdadeiro amor por nós mesmos.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Derrubando alguns equívocos sobre autoestima- parte 2


Segundo equívoco: todas as pessoas que buscam sucesso tem autoestima.

Existe um conhecido provérbio do rei Salomão, que diz: Lança teu pão sobre as águas e depois de muitos dias os acharás (Eclesiástico). Não há uma só teoria sobre o significado deste pensamento, mas é o que de fato os grandes investidores procuram no meio de uma população de candidatos ávidos a uma vaga no mercado de trabalho que o(a) tornará mais um caso de sucesso.
Na verdade, não se pode implantar a autoestima; uma equipe de trabalho pode passar por uma bateria de desafios mercadológicos mas somente vão superar as dificuldades quem acredita na sua capacidade como pessoa, não meramente como um candidato a um emprego, então a empresa na verdade faz uma garimpagem para encontrar estas pepitas preciosas, pessoas que acreditam na sua força e amarão o que fazem simplesmente porque sabem amar, sabem preservar a sensibilidade, mantém o respeito aos seus iguais e ainda que não obtenham a vaga em razão da filosofia da empresa, são maduros o suficiente para reconhecerem a excelente oportunidade que tiveram de superar obstáculos, tornando-os inclusive para maiores desafios que aquele.

Em suma, os que se envolvem com aqueles conhecidos jargões corporativos, adquirem uma mise in scene empresarial ou que são apenas ambiciosos com o recheado salário almejado e anunciado, não necessariamente ferramentados com as graças da autoestima, desordenam suas prioridades em nome da proposta selvagem do mercado, por um tempo podem produzir mas a desordem existencial pode por todo castelo de sonhos por terra, por não ter tido cuidado de si mesmo, de formas que, ao se envolver em qualquer projeto que envolva esforço, garra, faça-o pois tudo na vida tem o seu preço, inclusive o preço de uma excelente qualidade de vida, uma pessoa realizada dentro do que ele ama fazer por desfrutar de uma boa autoestima.

domingo, 1 de junho de 2014

Derrubando equívocos sobre autoestima




Quem não já ouviu frases prontas como o “estar de bem com a vida”, ou “ser uma pessoa de sucesso” ou mesmo “fulano é uma pessoa tão alegre!” Não há dúvidas que a autoestima está visceralmente ligada à busca de realização pessoal, sendo que muitas pessoas podem se sentir quase inferiorizadas pela crença de que nunca alcançarão este tão almejado estado psicológico; é porque provavelmente associam autoestima a formas e manifestações que eles parecem não alcançar, se não vejamos algumas variantes que podem sem considerados uma boa condição de autoestima mas que, em termos finais, não seja adequado denominar-se como tal. Vamos aqui relacionar em princípio os três mais comuns equívocos:

a)toda pessoa extrovertida tem autoestima.
b)todas as pessoas que buscam sucesso tem autoestima.
c)pessoas reservadas e focadas em suas atividades não conhecem a autoestima.

Neste bloco vamos ao primeiro ponto que parece ser o caso mais comum. Uma pessoa com autoestima tem entre outras características a iniciativa de compartilhamento daquilo que para si é relevante, salutar, descontraído e em especial, participativo, cooperador, promotor de relações. Contudo, uma pessoa que no seu conteúdo é verborrágico, monótono na sua expressão facial/corporal, algumas vezes se expõe com muita proximidade física e agitação visível, não tem nestes elementos algo que revele atitude ou presença de autoestima. Nos estudos em Psicopatologia, observa-se que muitos destes elementos citados acima podem estar associados ao que caracterizam Transtorno bipolar em sua fase maníaca, ou seja, uma manifestação de descontração que não tem um motivo definido e que não produz um desenvolvimento pessoal como é produzido pelas vias saudáveis. Outro razão pela qual a extroversão pode não ser reflexo de uma pessoa com boa autoestima é a necessidade de visibilidade que na verdade todos nós temos legitimamente, porém nesse caso esta super visibilidade vem da necessidade de aceitação e autoafirmação, razão pela qual não podemos associar essa forma de extroversão ao que entendemos ser alguém que goste muito de si mesmo.



quinta-feira, 24 de abril de 2014

O incômodo silêncio no elevador


Aviso no display, abre-se a porta da esperança; desencanto, frustração se apresentam diante de mim; alguém está ocupando meu precioso lugar no elevador e ainda lhe devo dar um bom dia.
      
Viro as costas, finjo que estou procurando algo, meus olhos estão fixos na porta, quero sair já. Quem estava lá, sei quem é, me lembro dele, ele adquiriu o apartamento no mesmo mês que eu há quinze anos atrás; não sei o seu nome e nunca me interessei de sabê-lo; o incômodo é muito grande; estamos ali em condições tão iguais, com a mesma necessidade, quem sabe preocupações e aflições tão semelhantes, mas definitivamente não queria vê-lo ali, invadindo meu lugar de solidão, ainda que por tão pouco tempo; tenho tantas preocupações, de nada posso esquecer; de que pode valer alguns segundos, de que vale um franco e singelo olhar ao menos, um sorriso ao menos, uma gentileza ao menos; ao menos vou seguir meu dia, escolhendo a solidão como minha companhia, parafraseando um atual comercial na TV, “ este é o meu clube” , o clube da solidão.
Tudo iria tão bem, não lembraria minha dor nem minha burra escolha, não fosse aquela sonora e acalorada voz na saída do elevador:
_Tenha um Bom  dia, senhor!
      Há algo errado, preciso saber o que está acontecendo comigo; por que me nego a ser respeitado e ser amado? Aquela voz não sai da minha mente, dentro de mim invade um tipo de inveja e aquela sensação de estar sendo abraçado, aquela voz que chegou a mim com tanta graça e oportunidade. Quem é esse cara?  Preciso conhecê-lo!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

uma rara amizade




Sabe, gente, estou a partir desse tema, a escrever sem pieguice ou nostalgia; quando se fala em rara amizade, parece que evocamos um tempo em que "as pessoas eram mais humanas" como se hoje fossemos menos humanos, os que são próximos à minha idade sabem do que eu estou falando. 
A grande  discussão hoje, sem dúvida é sobre as relações que se coisificaram, a era do descartável, do mínimo esforço, que lança sobre os seres humanos a responsabilidade de todos os desastres institucionais, de tudo que tem caracterizado as últimas décadas, um declínio existencial, espiritual e claro, um afastamento ou isolamento dos indivíduos, alegando autoproteção, desconfiança ou insegurança generalizada.
Entretanto, raras amizades existem, são aquelas que são completamente inesperadas, realmente imprevisíveis de acontecer, na verdade nem se acha uma explicação racional para que esta amizade se sustente, amigos que nem podem se ver, não participam mutualmente da vida social, exceto em raros encontros, e quando se encontram , a sensação clara é que aquela será a ultima vez que se verão, há sempre uma celebração do encontro entre eles, uma troca de afeto, uma confiança mútua e um respeito ao outro algo tão almejado e cultivados pelas relações normais de amizade, ou seja, aquelas em que tem em comum sua rotina e seu universo de idéias e projetos.
Não foi difícil concluir que, na verdade, precisamos tanto uns dos outros que, acalentamos um sentimento de uma total entrega de alma, mesmo que consciente de que não se pode ter expectativas de que seu afeto seja sempre reconhecido como nas relações vistas como naturais, algo que eu chamaria de atenção incondicional, uma expressão que fariam muitos torcerem o nariz expressando incredulidade, afinal, é corrente que tudo precisa ser barganhado, implora-se amor, implora-se respeito, quanto sofrimento envolve amar quantas vezes; mas quando amar é simplesmente doação, é com certeza uma rara amizade, que pode haver em qualquer parte do mundo e em qualquer distância, pois o que inspira esta amizade é o único fato de que este outro veio a existir. 
Logicamente eu não teria inspiração suficiente sem experimentar esta amizade rara, mas tenham certeza, o mundo tem mudado mas nós também vamos mudando, encontrando novas saídas para poder lidar com as transformações que nos vem a cada dia; não esqueçamos que somos a única espécie vida na terra que ama. Sim, no século XXI ainda se ama! 




















quinta-feira, 3 de abril de 2014

Psicologia e fé.

Tenho  sempre como marca constante no meu blog que não tenho à priori, apresentar um blog acadêmico ou preso a alguma abordagem psicológica, mas sempre procurar dar uma linguagem simples e objetiva naquilo que desejo expressar e compartilhar. Antes de René Descartes com seu conhecido pensamento “cogito ergo sum” (penso, logo existo), foi  o que começou a tratar da relação mente-corpo. Até antes dele, a  fé, em especial a fé cristã, era exercida pelos seus fiéis, em caráter religioso, atribuindo aos mensageiros e representantes de Deus para dar definições a tudo no universo, sem que houvesse ainda naquela época um conhecimento que pudesse por à prova tudo que pudesse fazer parte de um conjunto de crenças, conhecimento que denominamos hoje conhecimento científico. Até a primeira metade do século XIX, a Psicologia ainda tinha por seus arautos, como John Loke, o que comparava nossa existência a uma tabula rasa em que escrevíamos nossa própria história. Nota-se então que as questões da fé eram ainda muito associados a confirmações psicológicas ou emocionais como entendemos hoje, inclusive, ainda muitas religiões no mundo tem sua fé associada aos sentimentos, à cultura de uma região do globo, até mesmo por razões políticas a fé religiosa se estabeleceu, como no caso do Imperador romano Constantino que, segundo alguns autores teria se convertido ao Cristianismo e outros achem isso controverso devido ao interesse do mesmo pela unificação do seu império frente ao avanço desta religião.



O mais impressionante neste processo, de se pensar e definir-se razão e emoção, é possível que este antigo conceito de fé hoje dê  lugar a uma fé sobrenatural, ou seja, sem necessariamente ser confirmada pelas emoções ou pelo sentimentalismo, mas uma confiança serena de um ser superior que está além de um universo físico, uma intervenção divina que não vê em nada o caos ou a desordem, ou seja, acima do que estabelecemos como desígnio divino mas que na verdade, depende de elementos do sistema religioso para se sustentarem, uma fé íntima, intransferível e singular, desatrelada de todo sistema religioso, como retifica convictamente o Apóstolo Paulo em suas cartas, componentes da Bíblia Sagrada.


Por esta razão é importante que haja uma compreensão da fé em cada ser humano, cada um com seus símbolos e suas referências, mesmo que sujeitos a dogmas e preceitos religiosos, possam ter, de forma espontânea, a felicidade de reconhecer a razão pela qual veio ao mundo e consequentemente que caminho deve seguir, e desta forma ser aceito e reconhecido a legitimidade da sua fé,  tal como se interpreta na teologia cristã, a obra do Espírito santo que é totalmente individual e que faz com que cada indivíduo veja além dos sistemas que governam nosso cotidiano, este Ser Superior que sempre estará acima de todos os reinos e governos, o que leva cada indivíduo a viver bem consigo mesmo  e com o seu semelhante, meu modesto olhar.

sábado, 22 de março de 2014

Luto, saudades e neurose




Luto, Saudade e Neurose, é interessante a sutil correlação destes três elementos do comportamento humano.
Há na questão do luto duas condições nas quais ele se evidencia, através de uma grande perda, em especial de um ente querido, seguido por outras perdas bem significativas como Também o luto patológico que não se processa naturalmente, pois este coloca seu possuidor numa eterna dívida com o passado, coisas como intrigas, pactos familiares etc 
Segundo os poetas, a saudade é uma dor que só se mata com o reencontro e olha que clinicamente eles estão certos.  Ainda que haja uma saudade “eterna”, ela  por si só é consoladora, pois  aquele ente querido é bem visto e sentido como um só em toda existência, incomparável, insubstituível, a ninguém pode comparar e isso é consolador; já a saudade que pode ser resgatada no reencontro é acalentada e a dor da espera se mantém até que aquilo que é acalentado se torne realidade.
A saudade como anseio de estar junto, seria então uma saudade travestida de elementos associados à neurose, não aquele sentimento acalentador mas sim o que inquieta, desassossega, é acumulativa na sua ação, a suposta saudade se evidencia na negação desse desconforto. Para Jacques Lacan, os recursos substitutivos que se desenvolvem na nossa psique tanto podem ser legítimos e naturais no desenvolvimento humano como podem também estes recursos ter proveniência e movimentos do ego, ou seja, negar a pulsão natural da fuga da realidade, de forma que surge a vontade de ter novamente o que nunca lhe pertenceu e ganha então o rótulo de saudade.
Então é possível concluir sem presunção de fechar questão sobre isso, que, se toda saudade me trás alento, é uma ótima saudade mas se trás inquietação, desvia dos relacionamentos saudáveis, angustia ou entrava nas escolhas e decisões na vida, se não vincula a alguém de forma consoladora e que promova a serenidade, deve-se suspeitar dessa saudade e chamá-la pelos seus verdadeiros nomes, cabendo a cada  um a coragem de revelar a si mesmo.
Na psicoterapia, pode-se alcançar o re-encontro e o melhor conhecimento de si mesmo, pois estes elementos acima citados são sutilmente semelhantes, cabendo ao trabalho do terapeuta, ensejar ao paciente ou cliente uma grande ferramenta de ajuda para tocar a vida, sem falsas saudades.
Carlos Alberto Machado Gomes
Psicólogo Clínico e Gerontólogo
Universidade Federal Fluminense

terça-feira, 4 de março de 2014

como um casamento pode durar?

Meus amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher. As mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo. Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo. Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher.

Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu. O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.

De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?

Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?
Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo?

Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata e mofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração.

Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento.

Mas se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal “estabilidade do casamento” nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.

A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma “relação estável”, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família?

É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo. Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo interessante par. Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando é necessário se casar de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.


Como vê, NÃO EXISTE MÁGICA – EXISTE COMPROMISSO COMPROMETIMENTO  E TRABALHO, É ISSO QUE SALVA CASAMENTOS E FAMÍLIAS.                     


 Arnaldo Jabor
 
 
 
Arnaldo Jabor

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quem é o seu amante?

 
 
Quem é o seu amante? (Jorge Bucay - Psicólogo)
 
" Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".
Geralmente, são essas últimas que vem ao meu consultório,
para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão",
além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: "AMANTE" é aquilo que nos "apaixona", é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso "AMANTE " é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura,
na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto....
Enfim, é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de "ir levando"!..
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão,
perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão, de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com "ir levando"; seja também um amante e um protagonista... DA SUA VIDA!
Acredite:
O trágico não é morrer, afinal a morte tem boa memória, e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver...
Por isso, e sem mais delongas, procure algo para amar...
A psicologia após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"PARA  ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA".

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Irmãos se reencontram após 40 anos. E agora?


Irmãos se reencontram depois de 40 anos. E agora?
Aconteceu esta semana como acontece em várias partes do mundo, irmãos não necessariamente biológicos mas com uma importante história de convivência interrompida pela vida e suas exigências. Será que isso tem alguma coisa a ver com bem-estar psicológico? Sim e muito, pois dois pontos importantes permeiam estes encontros especiais.
Primeiramente veja como este  reencontro  provoca antecipadamente uma carga de ansiedade que, dependendo do indivíduo, pode se deparar com a concretização das suas expectativas ou então uma frustração e insatisfação em razão de expectativas não concretizadas, fora outros sentimentos motivados por auto-afirmação, complexo de inferioridade e baixa auto-estima. Outro ponto que quero frisar é o fato de que o tempo é o autor das mudanças. Ainda que o tempo de separação não tenha sido tudo isso, quem sabe, metade disso, já é um tempo significativo, até mesmo para demarcar a adolescência, o ritual de passagem  e efetivamente a vida adulta. A nostalgia que se instala através de uma música antiga, uma obra de arte, até uma antiga amizade, através da recordação do que faziam entre a escola e a família mas essa nostalgia tem uma volatilidade, talvez a beleza seja essa, a de ser volátil, não se sustenta por muito tempo pois a realidade está nos nossos sentidos e nos informa que os tempos mudaram e também as pessoas e, claro nós também mudamos. Isso requer de nós um reconhecimento de que neste reencontro, veremos a mesma pessoa mas não o mesmo ser, portanto, não pode ser vista como alguém que saiu de uma câmara de gelo, a exemplo do personagem do Mel Gibson protagonista do filme Forever Young, este que aliás, ganhou sua idade real no fim da história.
Chama-se Alteridade a capacidade que um indivíduo tem de reconhecer o outro na sua totalidade e na sua plenitude. A carência dessa conduta nos faz perder uma preciosa oportunidade de evoluirmos em nossos relacionamentos humanos, cabendo uma análise critica para uma série de desconstruções necessárias, em especial, a de se sentir o rei supremo sobre os que o cercam, sabemos que estamos num grande barco onde todos remam e o respeito ao outro como pessoa é uma excelente virtude para o indivíduo do Século XXI.
Há que se reconhecer e respeitar a evolução de cada indivíduo, justamente por não sabermos que mudanças aconteceram e cometermos o erro de criar estereótipos, julgar e confiar num antigo olhar, pois nada é para sempre e quer saber, isso é ótimo. Se eu encontro alguém depois de 40 anos, cabe a mim celebrar a vida s os anos passados de aprendizado e, modestamente, procurar conhecer aquela nova pessoa, que é a mesma, porém, muito, muito melhor agora, mais amadurecida, vivida e calejada de várias batalhas; preste atenção pois você hoje pode estar diante de uma pessoa fabulosa, uma amizade que vale a pena ser vivida e celebrada.
Um fraterno abraço a todos

Carlos Alberto Machado Gomes

Psicólogo Clínico e Gerontólogo

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Jardim fechado (Parte 1)




Jardim Fechado

Vou cuidar de mim, do meu interior, hoje em meu jardim só entra o meu amor
Quero meu silencio com perfume e cor,e o maior ruído ser de de um beija-flor.

Écos do passado, bosque abandonado, hoje um belo ramo floresceu
Quero preservar o meu jardim fechado e cuidar do que é somente meu.
Não negar as perdas nem desilusões, nem por isso quero me negar,
Preservar também s outros corações que tem o direito de amar
Vou me respeitar, Vou me perdoar, vou me encontrar, eu vou me amar!

Vou cuidar de mim, do meu interior,
Hoje em meu jardim só entra o meu amor!
Quem souber cuidar do jardim que não é seu,

Quem souber me amar, tanto tanto quanto eu.

jardim fechado (Parte 2)






Estou aqui de volta

Minha alma solta este ar

 que estava preso em mim,

Meu mundo escondido

Que pra mim tem sido tudo 

que me faz cantar assim!


Bosque meio deslocado mas é meu, 

bosque tomado de mato mas é meu,

Tiro os espinhos, deixo florescer, 

deixo o sol entrar e deixo chover


Mas eu vou embora

Fecho bem a porta, 

lá na vida eu quero encontrar

E os outros bosques 

Eu quero preservar

Aprendi que isto é amar!


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Voz de um Invisível, ( ou: Recorde Bumba!)



Eu vivia bem, de acordo com minhas posses, até que um dia, uma devastação levou minha casa. Lá viviam pessoas que faziam parte da minha vida, mas de repente não sei onde estão; muito me dói contar tudo isso mas preciso.
Hoje estou abrigado num lugar frio, sem o meu cheiro, nunca imaginei que passaria por isso, enfim, estou aqui diante de você. Sei que pela rádio e pela TV você soube do que houve, do que a imensa chuva causou na nosssa cidade. Você se apiedou de mim e me trouxe alguns donativos, coisa de primeira necessidade; você trouxe um pouco de música para os filhos que ainda tenho não sofram tanto, no que sou muito agradecido.
Mesmo assim, eu sei que você daqui a pouco vai embora, tocar a vida com todas as facilidades que Deus te deu, e o que me sobra é que ainda estou sem o meu ninho enquanto quem poderia me ajudar se  enche de justificativas; não estou com aquelas pessoas que antes eram meus amigos de sinuca, futebol e conversa fora, eles também estão como eu, mais do que sem-teto, sem-justiça-social. Com certeza meu emprego está perdido pois só tenho cabeça agora para minha mulher e os filhos que ainda tenho; precisa de comida, água, roupa limpa e um lugar para um ser humano dormir.
Por favor, não quero te trazer culpa, não há culpados realmente; você fez o melhor que você pôde, quanto a mim vou reconstruir minha vida, não acredito em maldições nem quero me fazer de vítima; talvez não tenha tanto quanto você mas sei que eu posso escrever uma nova história, que talvez ninguém venha a saber, contanto que tão somente eu saiba que, por respirar, me mover e pensar, posso virar esta página da minha vida, pois sei que posso fazer isto, de esperto que sou, usarei das minhas reservas de dignidade, que não joguei fora nos bons tempos.
Não ! você não viu ainda ninguém igual a mim!
Vá com Deus!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

voltar no tempo...





Há que se pensar um pouco sobre alguma confusão que se faz entre definição e conceito sobre este elemento plenamente entremeado à nossa realidade: tempo. Ora, definimos tempo como a sua contagem, sejam por eras, milênios, séculos, anos... dias, horas, minutos, segundos, aliás, sistema criado por nós mesmos, a partir do dia que intuímos a possibilidade de que cada dia precisaria ser contado, uma vez que o tempo determina tantas coisas para nós desde que nos damos por gente, hora de almoçar, hora de dormir, tempo de férias, tempos de estudos, tempos de calor, etc. O conceito de tempo nos remete à um histórico que começa pela melhor que conhecemos, cada um de nós pela nossa própria vida, com passado, presente, futuro, recheados por saudades e aspirações, pois o presente agora é presente e nada mais cabe senão o presente. Para o filósofo  e padre Agostinho de Hipona, tempo é conceituado por ele como algo proveniente da mente humana, pois o tempo não se guarda em nenhum outro lugar, é apenas registrado por documentos e fotos, jamais são retidos em algum cofre, o presente do passado é a lembrança e o presente do futuro é o que aspiramos, tudo é intutivo e elaborado nessa nossa máquina de pensar. Seriados de ficção como os da série The Time Tunnel, mostra a assombrosa saga de dois cientistas que  teriam se perdido num labirinto de épocas passadas e futuras, mas em todas as histórias deste seriado uma única conclusão aqueles exploradores chegaram: que jamais se poderiam mudar a história, não de poderia evitar a morte de Cristo nem a segunda Guerra mundial ou a Tomada das Bastilha, e até mesmo nas viagens futuras, com a criatividade de Irwin Allen, o iniciador do cinema catástrofe em hollyood, ele sugeria a herança humana deixada para o futuro com uma boa dose de ironia. Enfim, o que seria voltarmos no tempo? A melhor  resposta seria uma frase em latim: Carpe Dien, que quer dizer, aproveite o tempo de hoje, aproprie-se do hoje! O que complica é que hoje, muitos associam o resgate do tempo a um resgate apenas do que é prazeroso, devido ao discurso edonista, tudo “para ontem” e melhor do que seria “hoje”. Como não temos como administrar o que é passado e o futuro, devemos hoje viver para alcançar o melhor bem- estar possível, quando postergamos ou deixamos para trás o que deveríamos ter feito, teremos aquela conhecida  frustração por não ter sido melhor; então, alegre-se por pertencer ao presente, seja grato(a) ao passado, não vá com tanta pressa ao futuro, pois se tudo lá na frente for diferente, o teu relógio existencial estará sempre atualizado ao presente. Carpe Dien! Aproveite bem o dia de hoje!

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O passageiro



Queria ser mais grato mas não posso,
eu só existo com o ar que eu respíro.
e como dança turca, busco em  giro,
saber que nada é meu mas tudo é nosso,

até que a minha mente se dê conta,
de toda história que a vida me apronta,
a minha alma arrebatada e tonta
vai mergulhando nesta corredeira

ao bom perfume do capim cidreira,
e  somente Deus, quem sabe queira
curtir meus versos pela  vida inteira,
que meu poema leve a noite inteira

até que um dia eu possa agradecer
com toda energia do meu ser, 
por hora só meu sentimento endosso,
queria ser mais grato mas não posso!

no fundo mesmo bom é ser finito.
mesmo um sussurro ou um forte grito
vai me fazer lembrar quem sou agora 
feliz o dia em que eu for embora.

quem me procura está bem lá fora;
deste concreto, frágil proteção
eu sei que tudo é um grande mistério
mas assim é meu novo coração.



Carlos Alberto Machado Gomes