sábado, 22 de março de 2014

Luto, saudades e neurose




Luto, Saudade e Neurose, é interessante a sutil correlação destes três elementos do comportamento humano.
Há na questão do luto duas condições nas quais ele se evidencia, através de uma grande perda, em especial de um ente querido, seguido por outras perdas bem significativas como Também o luto patológico que não se processa naturalmente, pois este coloca seu possuidor numa eterna dívida com o passado, coisas como intrigas, pactos familiares etc 
Segundo os poetas, a saudade é uma dor que só se mata com o reencontro e olha que clinicamente eles estão certos.  Ainda que haja uma saudade “eterna”, ela  por si só é consoladora, pois  aquele ente querido é bem visto e sentido como um só em toda existência, incomparável, insubstituível, a ninguém pode comparar e isso é consolador; já a saudade que pode ser resgatada no reencontro é acalentada e a dor da espera se mantém até que aquilo que é acalentado se torne realidade.
A saudade como anseio de estar junto, seria então uma saudade travestida de elementos associados à neurose, não aquele sentimento acalentador mas sim o que inquieta, desassossega, é acumulativa na sua ação, a suposta saudade se evidencia na negação desse desconforto. Para Jacques Lacan, os recursos substitutivos que se desenvolvem na nossa psique tanto podem ser legítimos e naturais no desenvolvimento humano como podem também estes recursos ter proveniência e movimentos do ego, ou seja, negar a pulsão natural da fuga da realidade, de forma que surge a vontade de ter novamente o que nunca lhe pertenceu e ganha então o rótulo de saudade.
Então é possível concluir sem presunção de fechar questão sobre isso, que, se toda saudade me trás alento, é uma ótima saudade mas se trás inquietação, desvia dos relacionamentos saudáveis, angustia ou entrava nas escolhas e decisões na vida, se não vincula a alguém de forma consoladora e que promova a serenidade, deve-se suspeitar dessa saudade e chamá-la pelos seus verdadeiros nomes, cabendo a cada  um a coragem de revelar a si mesmo.
Na psicoterapia, pode-se alcançar o re-encontro e o melhor conhecimento de si mesmo, pois estes elementos acima citados são sutilmente semelhantes, cabendo ao trabalho do terapeuta, ensejar ao paciente ou cliente uma grande ferramenta de ajuda para tocar a vida, sem falsas saudades.
Carlos Alberto Machado Gomes
Psicólogo Clínico e Gerontólogo
Universidade Federal Fluminense

terça-feira, 4 de março de 2014

como um casamento pode durar?

Meus amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher. As mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo. Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo. Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário. Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:

Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento – a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher.

Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu. O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.

De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial?

Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?
Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo?

Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata e mofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração.

Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos.

Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento.

Mas se você se separar, sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal “estabilidade do casamento” nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos.

A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma “relação estável”, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família?

É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo. Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo interessante par. Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando é necessário se casar de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.


Como vê, NÃO EXISTE MÁGICA – EXISTE COMPROMISSO COMPROMETIMENTO  E TRABALHO, É ISSO QUE SALVA CASAMENTOS E FAMÍLIAS.                     


 Arnaldo Jabor
 
 
 
Arnaldo Jabor