domingo, 29 de dezembro de 2013

Balanço do Ano



Nesta noite eu não quero fazer nada
Só quero pensar nas coisas
 que este ano eu fiz,
Mas, aqui prá nós, eu reconheço
os meus erros e acertos
E vi que fui feliz!

Deus me ajuda nesta viagem
E o seu fardo é pouca bagagem,
É sua mensagem:
Isso é felicidade!
(Refrão)
Acredito que tudo coopera
para o meu bem,
Sei que tudo vai ser bem melhor
 no ano que vem!

eu sou feliz  pois eu posso  entender
em tudo eu posso amadurecer
não importa a idade,
isso é felicidade!
(Refrão)
Acredito que tudo coopera
para o meu bem,
Sei que tudo vai ser bem melhor
no ano que vem!

SENSAÇÃO ESTRANHA: PRESSÁGIO OU PRESENTE?


Agora pouco uma amiga na rede social compartilhou essa sensação de perda ou de estar sem chão; sentimentos que não somos obrigados a expressar,  ao menos eu acho isso uma grande exposição pessoal, enfim, ela se sentiu confiante em compartilhar. Ao meu ver, quem não já se sentiu assim, como se houvesse um perigo iminente no ar, algo que nos faz “pisar em ovos” , que nos dá o conhecido frio na barriga, tem gente que se sente assim quando acha que o cartão de crédito vai estourar  (rsrs). Sério agora, há uma sensação de perigo quando nos vemos desprotegidos, como exemplo, isto que e por uma questão cultural e antropológica,  nos assedia;  a contagem regressiva de mais um ano que  se vai; quantas coisas prometemos a nós mesmos realizar e não aconteceu e também como foi confortável para muitos não ter que fazer mudanças que, sabem os mesmos, que são necessárias.
Cabe a nós algumas  perguntas a nós mesmos: onde está nossa confiança? Onde está nossa esperança? De onde tiramos nosso combustível para a vida?

Se formos tão racionais a ponto de desconsiderar nossa sensibilidade, não sairemos do nosso lugar; desnecessário falar dos medos de cada um , quem  não os tem?! Então como lidarmos com este fenômeno social e humano? Afinal, pela ciência, qualquer dia do ano poderia ser a passagem para o Ano Novo; mas como afirmou o educador russo Liev  Semionovich Wigotski, somos atravessados e determinados pela nossa cultura; então vamos por ele: o final do ano está chegando e como vamos recepcionar o novo ano?  Com precauções? Blindagens? Receios?  Convido aos meus amigos que, saúdem o Ano Novo, não de forma apenas cultural ou automática, mas com um sentimento de esperança, sem couraças, sem evitações; recebam o Novo Ano como um presente, uma nova oportunidade de sermos pessoas melhores e por conseqüência sermos mais felizes e juntamente os que nos rodeiam. Imaginem  aquele que vai voar de asa delta pela primeira vez, toda aquela reação de susto, de espanto diante do novo, mas uma certeza ferrenha e uma determinação inarredável: eu mereço ter um ano melhor!  Então vamos lá! Tenha um 2014 com muitas alegrias, ah sim... não faltarão imprevistos, não faltarão engarrafamentos,não faltarão apertos, dilemas, sustos, mas que vida maravilhosa é esta!! Pois tudo isso só acontece no mundo dos vivos.  Abração a todos!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O Terapeuta Quântico: CIÊNCIA - "VOCÊ E EU SOMOS UM"

O Terapeuta Quântico: CIÊNCIA - "VOCÊ E EU SOMOS UM": (Responsabilidade mútua ) Seu cérebro parece preparado para lhe ajudar a ter empatia. Ou, ao contrário, a empatia parece ser uma em...

CLÍNICA, AFETO E ÉTICA







Preliminares ao tratamento psicanalítico do paciente deprimido


O que caracteriza a demanda dos pacientes com queixa depressiva?
Os pacientes se dirigem ao analista portanto uma queixa, e a partir dela, demandam uma medida que lhes poupe do trabalho do luto que os ameaça.
Um quadro aparentemente contraditório se revela. Uma parcela dos pacientes ordena seu sofrimento em torno a uma organização narcísica que, arranhada, mostra sua ferida. A demanda que então aparece é a de uma solução salvadora que os  leve a recuperar seu status quanto antes. Outros, quando se vêem frente à irredutibilidade de uma perda, mostram por antecipação o dano que, supõe, ela lhes traria.
               A depressão aparece como tentativa de evitar uma perda, e o trabalho do luto que está introduzido.
               É a partir do trabalho imposto pela vivência de perda que uma demanda de análise pode surgir. A constituição do paciente de uma demanda de análise implica a transformação da queixa de depressão, numa exigência de trabalho, uma experiência de perda. Porque, afinal, haveriam de trocar sua depressão pela angústia! Considerando que eles revelem um abandono ao gozo de um superego implacável, e que a transferência é quase sempre insuficiente pela peculiar posição do sujeito na depressão, ao mesmo tempo, que abraça o gozo, exclui o saber. A construção do raciocínio girando em torno da perda e do trabalho.
               O interesse não é o de estabelecer um protocolo a ser seguido e nem comparações entre terapias diversas, mas o de introduzir a peculiaridade da experiência analítica.
               A psicanálise se fundamenta na prática clínica na existência do sujeito como desejante. Na medida em que do desejo eles revelem sua negatividade, seu estaneamento, o que constitui para o analista.
               Necessita de análise aquele que sofre, as pessoas procuram uma análise para aliviar seus males, querem tratamento, se chegarem até a análise, é porque não surgiu outra alternativa.
Inicialmente o paciente quer livrar-se do mal que o acomete, e se conseguir sem fazer nada, jamais chegará a uma análise, existem pacientes que produzem cura para não se tratar.
              A tarefa inicial do analista no tratamento é constituir uma demanda de análise.

Da queixa ao sintoma


              No contexto histórico-cultural em que vivemos, com ofertas de curas rápidas, para qualquer mal-estar. Resta à psicanálise discutir a coerência dos argumentos que justificariam tais curas. Ex: Suprir o que lhe falta quimicamente. Curas químicas.
              A psicanálise está longe de ser apenas uma técnica terapêutica para neutralizar os subprodutos que do mal-estar na cultura advém, a psicanálise é um efeito histórico desse mal-estar, sua matéria prima seria ele próprio, e não quaisquer disfunções psíquicas, podendo ver essas perturbações como mal-estar e não como expressão de alguma patologia.
              Pessoas metabolizem de forma depressiva esse mal-estar na cultura. As exigências cobradas ao sujeito devem ser levadas em conta as queixas depressivas.
              A idéia que a clínica teria mudado decorre mais de uma confusão entre o que é o nível fenomenológico da apreensão de um problema clínico, e a sua fundamentação estrutural. Ex: pacientes que se queixam de estar deprimidos revelam-se histéricos ou obsessivos no decorrer de uma análise. A forma que eles se apresentam hoje é muito mais distinta, daquela que se apresentava à Freud. Segundo o autor hoje é uma época excelente para se continuar sofrendo, sofrer demais, mais, mais ainda, os sujeitos se submetem aos imperativos da mídia, do mercado da moda. No regime de servidão que então se estala, a figura do sofrimento depressivo pode perfeitamente se adequar, sintonicamente ajustada.
            Qual o lugar certo de colocar o desejo para se obter a felicidade? O cuidado de si torna-se controle (científico) de si, se sofrer demais é a única justificativa da psicanálise como prática terapêutica, a média engrandece o discurso da genética e das neurociências, as versões do mal-estar considerando sofrimento que concerne a uma subjetividade e não a um sofrimento psíquico.


Idealização, desperdício e perda

            Como fazer uma caracterização clínica dos pacientes deprimidos?
            Primeiramente podemos pensar no grupo daqueles que têm uma depressão queixosa, estes apresentam um traço bastante peculiar que pode ser denominado de “impossibilidade de perda”, ligado a perda do ego ideal. O que está em jogo, é a perda de um ideal que eles construíram a partir do narcisismo primário (dos pais). Estes sujeitos tentam a todo custo atingir um ideal impossível, e são levados cotidianamente a investir suas economias libidinais neste propósito, o que os faz desperdiçar numerosas oportunidades de superar o estado de inércia em que se encontram, por estarem presos a esta ilusão de completude. Verifica-se, assim, uma diferença entre desperdício e perda: os pacientes desperdiçam grande parte de suas vidas exatamente por não suportarem a perda. Ou seja, desperdiçam grande parte de sua libido tentando corresponder ao que foi idealizado para eles e não suportam a idéia de falhar em seu propósito.
            Feita esta diferenciação, pode-se concluir o que acontece muito freqüentemente na clínica: o que muitos médicos consideram como  depressão é a queixa que o sujeito enuncia. Em seguida, passa-se a tentar eliminar a queixa através de fármacos, e após algum tempo quando a queixa é suspensa admiti-se que esta suspensão ocorreu por uma alteração na essência bioquímica que seria neste caso, a razão de ser e fundamento da clínica.
            Ocorre diversas vezes que o diagnóstico de depressão se limita a uma queixa, e se veiculam estes casos como se fossem de melancolia. Outras vezes um quadro clínico que se dá no orgânico é diagnosticado como depressão. Discussões à parte,  a melancolia  possui um lugar bem definido e concluir que ela seja uma psicose levanta numerosas questões que precisam ser examinadas.  
           

Especificidade estrutural da melancolia


Seria a melancolia uma psicose? É necessário fazer alguns esclarecimentos antes de responder essa pergunta. Há toda uma tradição que nos leva a pensar na psicose com base na ocorrência de delírios e alucinações. Entretanto a posição paradigmática que a paranóia ocupa pode vir a confundir o que seria a psicose propriamente dita.
            A melancolia possui uma forma delirante, entretanto o delírio não é uma constante, e a maior  parte não o apresenta, pois os casos de “melancolia simples” são bem mais comuns. Neles predominam os problemas cenestésicos, a dor moral, a inibição psíquica e a abulia (perda total ou parcial da vontade), que constituem os principais sintomas.  É deles que procedem os problemas do conteúdo das idéias, o delírio.
            Para se fazer um diagnóstico é necessário que se faça uma distinção básica de três grupos de pacientes, a saber: os verdadeiros melancólicos, os queixosos de depressão e os pacientes neuróticos paralisados com o sentimento de culpa, pois para cada um é preciso pensar em formas e modos de tornar possível a análise para esses sujeitos. É importante salientar que, para qualquer análise ser viabilizada é necessário o endereçamento ao Outro, neste caso o delírio é de extrema importância pois se caracteriza como tal.

Metapsicologia da depressão não melancólica 
Os pacientes se descrevem como estando bem, mas na maior parte do tempo, por freqüência meses, sentem-se cansados, deprimidos, nada é desfrutável e portanto tem muito em comum com os conceitos de neurose depressiva ou depressão neurótica. Mas é importante perceber que a existência de depressão num neurótico não funda uma neurose depressiva. 
Sabemos, por experiência clínica, que um neurótico é incapaz de aproveitar a vida e ser eficiente. Incapaz porque sua libido não se dirige a nenhum objeto real e ineficiente porque despende sua energia para manter a libido  sob recalcamento e repelir seus assaltos. Sua libido acha-se então comprometida com seus sintomas, sua única satisfação substitutiva possível. 
O grande segredo da psicanálise é que não há origem ou desenvolvimento da mente ou da vida mental. Resta apenas que, como o problema clínico a que esse conceito se refere é de enorme importância e não pode ser desconsiderado, descartado o conceito, persiste o problema, e o que é criticado deve servir para abrir caminho para novos conceitos, uma vez superado o obstáculo epistemológico representado pela oposição endógeno/psicogênico. 
               Assimilar a dita neurose depressiva a uma depressão reativa é o passo mais curto para que em seguida se tome a esta como psicogenética, e ao seu tratamento como psicológico. A psicanálise se vê reduzida a um tratamento psicológico para problemas psicogenéticos. Os diversos tipos de padecimentos depressivos examinados não apenas apresentam mais diferenças ao nível metapsicológico que a eventual uniformidade de sua feição fenomênica levaria a pensar, como há que atentar para as distintas inserções que essas ocorrências têm das diversas especialidades que se dedicam a esse campo.  Segundo Freud, a metapsicologia,  visa a uma análise ontológica, isto é, apreender o ser, a essência, e o último fundamento dos fenômenos observáveis empiricamente como, por exemplo, a caracterização do id, como fundo essencial de todos os fenômenos instintivos e orientados para o prazer no pensamento, no sentimento, na ação. A clínica clássica mostrará seus frutos, ajudando a ordenar a apreensão da descrição das doenças e também sua sistematização da melancolia e do campo do padecimento depressivo. 
               Com base no que foi examinado, teremos a opção de resolutamente restringir o uso do termo depressão como categoria diagnóstica, circunscrever o uso da categoria melancolia aos casos caracterizados como uma verdadeira melancolia nos termos anteriormente discutidos e situar na distinção freudiana entre luto, luto patológico e melancolia e na tríade inibição, sintoma e angústia, o ajuste, a sintonia fina, que trará elementos para decidir a cerca de como proceder quando uma sintomatologia menos intensa ou atípica despertar dúvida. A decisão de restringir a utilização do termo depressão é uma decorrência natural. 
               Sua utilização, além de grandemente favorecedora de uma medicamentação indiscriminada, amparada na ilusão de especificidade que o vocábulo “anti” mediatiza, favorece também uma posição de acomodação ao paciente, dificultando-lhe o trabalho associativo e, ao analista, a escuta. Apesar do luto envolver graves afastamentos daquilo que constitui a atitude normal para com a vida, perde-se o apetite, acontece a insônia, a tristeza domina o quadro, mas jamais nos ocorre considerá-lo como condição patológica e submetê-lo a tratamento. Freud se pergunta por que sendo uma condição natural diante da perda, seu processo se faz de forma tão dolorosa. Mas pensando bem, percebe-se que esse aspecto misterioso do luto está em acordo com um aparelho psíquico que se constitui às expensas de uma insatisfação, de uma dor que nunca se extingue, põe-se no máximo em suspensão e de um campo alhures que se constitui o campo do Outro. Restringir o uso da categoria melancolia aos casos para os quais em ‘ Luto e melancolia’ Freud as emprega, e não utilizando-a de forma alargada, abarcante do conjunto dos acidentes depressivos, pode ser coerente com a restrição ou abandono do uso do termo depressão. Acentua Freud que os traços distintivos da melancolia e do luto decorrem da grave perturbação da auto estima presente na primeira que encontra expressão no auto-envilecimento e auto-recriminação e culminam com uma expectativa  delirante de punição. Conclui que há uma inibição e circunscrição do eu. 
               Este é um ponto reafirmado em "Inibição Sintoma e Angústia"- onde vai distinguir duas categorias de inibição do eu_ uma como defesa para não entrar em conflito com o supereu e outra como empobrecimento de energia. É assim que Freud tratará da dor do luto e a depressão se caracterizaria por esse desinvestimento. O que entra em causa é o campo do Outro o que Freud chama de desinvestimento do mundo exterior. Nesse mesmo texto aponta para um luto que ele classifica como patológico, aproximando-o da condição obsessiva, pelo conflito ligado à ambivalência objeta, que o prolonga excessivamente. A verdadeira subversão que a psicanálise opera reside no descentramento radical que produz.  Tirar da depressão uma razão bioquímica para a ela conferir uma razão psicológica seria tão revolucionário quanto destituir  Deus do centro do universo para, em seu lugar, colocar o Rei Sol. Freud diz que no universo do sujeito, o centro é ocupado por um buraco, o famoso objeto perdido. Diante dessa falta que é constitutiva e não contingente, o neurótico tentando recobri-la, oscila entre culpa e depressão. A clinica não possui a transparência de um livro aberto nem a rigorosa arrumação de quadros e formas que encanta aos botânicos e aos estudiosos da natureza. O importante é manter as referencias freudianas como balizas  para o entendimento. Elas ensinam a ver as diferentes manifestações afetivas que ocorrem nas diversas estruturas clinicas como advindas das relações completivas existentes entre as instancias psíquicas. A depressão, assim, aparece não sob forma de uma entidade nosológica, mas como um afeto transestrutural, devendo ser, caso a caso, verificado, o que permitira esclarecer o que o suscitou. O afeto depressivo que se produz é diferente da tristeza, bem como da melancolia stricto sensu. São manifestações depressivas em sujeitos com estrutura neurótica produzidas sob transferência, e que não se resumem às oscilações maníaco-depressivas próprias ao tratamento, possuindo por vez uma densidade que se torna fácil de ser enfrentada quando são bem mais entendidos. Com a finalidade de esclarecer esses distintos regimes de funcionamento psíquico no que diz respeito ao padecimento depressivo, parece ser imprescindível ter presente a distinção entre sintoma, inibição e angustia e a indagação acerca do estatuto do sujeito na sua relação com o desejo do outro. 

 A Psicanálise e a Droga

           
Na busca sobre a contribuição do produto medicamentoso no tratamento psicoterápico que vamos encontrar, através de depoimentos de pessoas adictas, esclarecimentos que mostram e afirmam os estudos deste texto. Pois nem sempre o uso destes medicamentos possibilitam uma direção que permite estabelecer um tratamento analítico.    
        
            Muitos são os profissionais que procuram difundir estes medicamentos como processos facilitadores psicoterápico, porém, os utilizam, como inibidores, que impedem a ação do paciente em direção a psicoterapia, levando o sujeito a permanecer debilitado, em um estado de alienação, que não o permite posicionar quanto ao seu tratamento, como podemos observar na fala deste depoente. “... estava me tratando com psicólogos e psiquiatras do HUAP, quando recebi uma dosagem tão forte de psicotrópicos que desfaleci, não vi mais nada, quando acordei estava no HPJ, com a mente muito confusa e ouvindo as pessoas dizerem que eu estava ali para desintoxicar das drogas. No entanto, todos os dias eu era obrigada, por meio venoso, receber novos medicamentos que me deixava lesa, sem nenhum autocontrole, tirando me qualquer possibilidade de escolha ou de atitude que precisasse tomar, quanto ao meu tratamento”.

              Segundo Freud, (l938) no futuro a química, encontraria forma para influir sobre a quantidade de energia e da sua distribuição no aparelho psíquico.

            A demanda terapêutica que o analista recebe do paciente possui duas possibilidades, uma de afastar a idéia de que a síndrome esteja em relação ao orgânico, como uma patologia orgânica, cujos sintomas apresentam um quadro psíquico. Essas dificuldades que surgem não devem impedir o estabelecimento do processo terapêutico e nem mesmo se restringir a simples elucidação diagnóstica. É importante que o analista esteja certo de que o diagnóstico se faz na transferência, possibilitando-o um andar seguro na direção de um estabelecimento analítico.  A segunda posição do analista fundamenta-se na distinção nosólogica, à medida que pode se informar dos passos que serão necessários para chegar com segurança a um resultado que atenda as expectativas tanto do analista quanto do analisando que o processo analítico virá a propiciar.

            As questões relacionadas à depressão e a melancolia situam o analista entre o biológico e o simbólico, em que há um privilégio temível pelo fato de encontrar dois tópicos recalcados pela psicanálise: A questão do corpo (l920) em que a psique é puramente representacional, e a questão do afeto, questões estas que não devem ser consideradas como objetos  eclético e pouco rigoroso. Faz se necessário que o analista no processo de sua escuta observe as variáveis que comparecem como sintomas e suas causas. Considerando por exemplo, que o baixo teor da vitamina no organismo, a anemia e a virose ocasionam abatimento que se confunde com a depressão, levando muitas vezes, profissionais pouco preparado, a realizar diagnóstico estereotipado, deixando o paciente preocupado como se “tudo” fosse depressão.

            Quando a psiquiatria fala em integração, há divergência nas concepções que tentam furtar o fato de haver pontos de junção entre os diferentes discursos. Na própria base da idéia de um tratamento integrado, está a suposição de que somando Res cogitans e Res extensa se comporia à totalidade sem furo, idéia que não deve ser aceita, a psicanálise fala de um furo que pode ser visto como uma falta que nunca é satisfeita, ou seja,  uma falta que não se pode completar. Considerando os aspectos psicológicos, estas junções, costumam ser compreendidas como adaptação do sujeito ao regime da droga. Para a psiquiatria a combinação psicoterápica mais medicação é vista como forma eficiente a qualquer dos dois instrumentos separados, no entanto, este pensamento sem consistência teórica é que a coloca em crise, permitindo um trabalho reflexivo que a questiona e a deixa em posição de insuficiência para dar conta do problema. 

Segundo Kraepel, a aparição de efeito-sujeito anda em direção contrário a química, pois ela diz respeito ao sujeito daquela experiência e não ao efeito organísmico. Mas também não quer dizer, conferir significações à depressão de um determinado sujeito, pois dependerá de um exercício exterior, que é explorado pelos misticismos religiosos e algumas literaturas.

            Outro aspecto importante é a ação dos fármacos quando oferecido ao paciente, há a infusão do ego ideal, que o poupa do trabalho psíquico que o faz perceber e dar conta daquilo que perdeu e o atormenta. O sujeito busca na droga a verdade que está encoberta. É uma produção egóica de um ideal que o faz sentir-se satisfeito e completo. Dizia P. em seu depoimento “... eu só pensava na droga, estava dominada pela droga, me sentia o MÁXIMO, acreditava que podia TUDO e não respeitava ninguém. Acreditava que a droga me daria o prazer que eu buscava e a autonomia para as realizações dos “desejos” que a droga imprimia em mim”. Freud fala sobre a psicologia do ego e do superego e de sua origem nas mais antigas relações objetais do sujeito, e dos sentimentos de culpa como problemas no seu desenvolvimento.
Existe diferença entre o antidepressivo e a química inativa, o primeiro possui algo que o faz gozar, que é introduzido na corrente sangüínea do sujeito. Não podendo desconsiderar que o uso dessas medicações poderá ocupar o lugar específico da terapia, aliviando a dor que o faz sofrer.

            Estes pacientes, em primeiro lugar, instituem a experiência da perda, que possibilitam tornar-se a análise. Na depressão o sujeito já vive pela perda, em um trabalho de luto que o leva a uma elaboração que implica naquilo que ele perdeu, embora, não saiba o que se perdeu, mas que o leva a outra perda para chegar a uma saída, dependendo tanto do analista como do analisando. Pela fala do depoente percebe-se que há uma perda, e que esta se torna tão patente para ele, que é quase impossível de descrever. Quando ele diz: ‘...eu perdi a felicidade, pois estava manipulada pela doença, perdi tempo, não tinha tempo para minha família e nem para mim mesmo. Perdi meus sentimentos, estavam anestesiados, perdi o amor próprio, fazia coisas que não queria, eu não tinha limites; perdi o controle das minhas emoções; perdi a minha dignidade; perdi tudo e agora me encontro aqui na esperança de mudar tudo isto. Sou um adicto e preciso repensar-me, rever os valores. Será preciso perder mais alguma coisa?

            Estas declarações confirmam que o drogadito precisa se implicar na relação com o analista, de tal forma que possibilite a intervenção psicoterápica. No entanto a ingestão de drogas não o permite decidir, ao contrário à proposta médica, dificulta mais sua capacidade de resolução. 
            Muitos analistas, neste momento não conseguem suportar a escuta de um deprimido, pois será necessário tempo para que surjam as condições transferenciais básicas para que se possa funcionar como agenciador da perda, em um trabalho de escuta e de um falar lento. E o analisando precisa se dispor ao tratamento no qual lhe é oferecido, como promessa de cura, que poderá seduzí-lo sem garantia de chegar a uma totalização. A psicanálise trabalha, em direção à destituição subjetiva, que o sujeito muitas vezes, prefere conservar consigo a depressão a aceitar a proposta de tratamento que são os fenômenos mais verificados.

O analista precisa estar preparado para se deparar, com a ocorrência de descentramento da inércia depressiva que impossibilita a pessoa e a faz operar como trabalho psíquico suscitando grande angústia. Para Lacan (l959) “... não é preciso ser médico ou paciente, para saber que quando alguém nos pede algo, isto não é igual ou até oposto, àquilo que deseja”. Carta da mãe do depoente que diz: “... por favor, alguém me ajude... eu brinco, passeio tentando divertir-me, porém, somente eu sei o que  estou sentindo por dentro, perdi mesmo à vontade de viver, perdi minha auto-estima, não consigo confiar em quase ninguém, não consigo ter paz dentro de mim”. Neste texto a mãe pede socorro, mas ao se apresentar ao analista, mostra-se estar tudo bem. Um paciente que chega portando uma insatisfação de seu desejo não sabe que seja qual for a insatisfação, o desejo não é satisfeito e a psicanálise poderá lhe mostrar que a insatisfação do desejo é que o viabiliza para uma formulação da meta que ali onde estava a depressão, o desamparo, advenha o sujeito, “eu como sujeito devo advir”.

Psicoterapia Psicanalítica: Uma prática farmacêutica?

            Há uma disjunção entre o fármaco e a química. Nem todo fármaco é originário da química, por isso , além do afastamento do maniqueísmo simplista, pode-se notar dois desdobramentos fundamentais: o de permitir pensar o uso da droga com vistas a instrumentalizar a análise ( como o pano vermelho do toureiro) e, o de permitir pensar a psicanálise como fármaco.
            Um segundo aspecto, poderíamos perguntar se que se podemos ratificar a afirmativa de Freud que, a química interferindo na fonte da pulsão curaria a neurose? O que está em questão não é a concordância ou a discordância, mas como nomear um sintoma através da interpretação.
            Freud insistiu na confiança de que, para que a psicanálise efetivamente funcione, ela tenha que intervir na química do sujeito, incidindo na química libidinal, cuja ação Freud  chama de efeito químico do fantasma.  Graças aos conceitos psicanalíticos,pode-se entender tanto o efeito tóxico da neurose quanto  o efeito farmacêutico da psicanálise.
            Nova pergunta: O fármaco é o objeto que falta ao paciente? Entendo que não, pois por causa do complexo de castração, o sujeito é excluído do acesso direto ao objeto. Com isso , desbancando a razão depressiva, pode-se esclarecer que  não há felicidade pronta nem felicidade produzida pela química, embora através da religião, da droga, entende-se que possa ser um substitutivo do fármaco.
            O que a razão depressiva tenta fazer? Encontrar na química a razão universal que funciona como referente fisiológico do problema clínico estudado.
Aqui vale a lembrança da anotação de uma de nossas aulas:
            “O amor narcísico nasce em mais ou menos dois anos de idade de uma pessoa, por isso buscamos o complemento sempre. A ciência não pode ter algo que ela não explique, por isso ela se torna alternativa de completude, onde se tem uma falta, a perda do sujeito amado, se vai complementar com o fármaco.”
Enquanto se pensou nesta solução para a felicidade, a psicanálise tem uma posição oposta: pois esta reconhece que Sá há um método do sujeito ter acesso às felicidade, através da capacidade de inscrever a pulsão e não ao organismo como um todo. Isso vai depender da possibilidade do sujeito efetuar a transferência na terapia. Somente uma com uma aposta transferencial  é possível concluirmos de  modo correto a singularidade do sujeito.


O afeto Depressivo


            Pode-se ver de duas maneias ao ato depressivo: Seu uso como substantivo,a palavra que define uma entidade clínica. Seu uso como adjetivo, aponta para algo do que o sujeito está padecendo de depressão. Podemos pensar a depressão como o luto de um objeto perdido? Se podemos pensar assim, isso representaria também a interrupção  do que seria completude original, que por sua vez seria inerente ao ser humano, como se perde um objeto. Quanto ao horizonte afetivo da depressão, é a tristeza o eixo onde a depressão se organiza? Não exatamente. A melancolia é uma tristeza peculiar segundo Scheler. A melancolia é identificada no diagnóstico e não por quem tem a melancolia. É importante diferenciarmos a melancolia sob um conceito mecanicista para um estado de alma.




depressão: grau zero do desejo?

Os pacientes depressivos referem-se a depressão como falta de um desejo, como se tivessem sido abandonados pelo desejo, o que de fato ocorre é o abandono do seu objeto de desejo.
Na psicanálise o não desejo se expressa pelo desejo de não desejar que surge como uma proteção narcísica, uma vez que o sujeito sente-se ameaçado pelo abandono do seu objeto e envolvido pelo medo de perder mais alguma coisa. Esse abandono ao outro que se foi tem uma função defensiva, não no sentido freudiano, mas de certo modo protege o sujeito, colocando-o na posição de vítima.
É preciso entender a depressão num sentido ativo, uma ação ou conjunto de operações que consiste em exercer uma pressão sobre alguma coisa no sentido de a abaixar para fazê-la descer de nível.
Na produção freudiana a depressão é concebida como um desinvestimento do mundo exterior e não como um afeto. Porque no paciente depressivo não melancólico e não enlutado acontece o desprezo pelos vivos? A via de inibição não seria o suficiente para explicá-lo.
Para Lacan o sentimento é um modo de recobrir, através do sentido, a questão do afeto, um modo de fazer sentido. A posição do analista seria procurar a verdade do afeto, o que foi recoberto, o que permite tanto ao analista quanto ao paciente não ficarem paralisados na depressão.
Na análise todos os afetos existentes aparecem, a angústia pode ser o principal dos afetos, porém não significa que seja o único. A possibilidade de abrir passagem aos outros afetos estará na dependência de como o sujeito mobiliza sua relação ao Outro.
A clínica mostra para a condução do tratamento como é importante saber dosar a angústia e avaliar a força e a desesperança depressivas.


Bibliografia


Mal Estar da Civilização - Das Obras Completas de Freud
Cartas de depoimentos de adicto em fase de tratamento em clínica especializada.

Carta de mãe do depoente ( todas as cartas foram autorizadas).

Administrando o tempo e as cargas de cada dia.

     

Já temos falado muito aqui sobre a administração do tempo, de não priorizar a sua agenda mas agendar suas prioridades. Além disso, procure se você tem se envolvido com pressões constantes e ininterruptas; esteja atento para a necessidade de parar tudo, tomar contato com a natureza, algo que seja realmente saudável e que faça você recuperar as forças para o que você tem investido, além de, verificar se vale todo o esforço para o que você quer conquistar.   Bons empreendimentos, grandes conquistas, se dão com administração do tempo e das suas energias para ter uma vida saudável, aliás, precisamos rever o conceito de sucesso, ou seja, antes do sucesso em si, o sentimento de satisfação em suas realizações. Boas Festas para todos!

sábado, 14 de dezembro de 2013

Compulsivo



Em meu poliverso seria perfeito
se em tudo que eu amo houvesse um jeito
de reunir tudo que eu sinto em meu peito
enquanto eu sonho, enquanto eu me deito

Insisto na rima pois tenho direito
de fazer o sonho sair do meu leito
quem sabe, amanhã eu te fale a respeito
de tudo aquilo que eu não aceito

Em meu poliverso a vida aproveito,
não me arrependo,agora está feito.
enquanto acordado só vejo defeito
então entre versos e prosa me ajeito.

Carlos Alberto M. Gomes

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

é segunda feira: coragem!!



          Agradeço aos oeus queridos amigos por toda lealdade e amizade que vocês expressam em nossa Rede. Vejo de um modo geral, na mídia,  criticas, questionamentos e outras formas de manifestar dúvidas sobre a veracidade do que expressamos nas relações virtuais; no fundo tods encontram o que buscam. Ainda me parece mistério, que em brece veremos quem sabe a coisa mais simples que é, quando nos identificamos com pessoas a quem por antecipação já aceitamos com todas as suas humanidades; se alguém entre vocês for alienígena, sabe que nem notei!! rs rs porque o amor é tudo que precisamos para viver, é viver em família, tanto a qual pertencemos biologicamente mas também aquele grupo de pessoas com as quais não temos dúvida que podemos contar.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Gota de Chuva



GOTA DE CHUVA

tem vezes que o mundo me aperta,
tem vezes que a ficha me cai,
tem vezes que alguém vem,
tem vezes que alguém vai,
tem vezes que o mundo não gira
enquanto eu não tomo atitude,

tem vezes que o mundo não pára
sem ter alguém que me ajude,
tem vezes, porém que eu invento
saídas novas e ousadas,
são portas de novos caminhos
saídas ainda fechadas,

tem vezes que sei o caminho
mas penso no que vou perder
tem vezes que eu me arrisco
e tomo como um dever

tem vezes que eu cobro dos outros
o que eu não cobro de mim
tem vezes que corto um dobrado
pra poder viver assim

por fim, tem vezes que aceito
a vida que eu posso ter,
Cem vezes me dou o direito
de ser igual a você.

Bendita gota de chuva
que não foi minha invenção,
e que molha todo mundo 
sem pedir opinião.

Carlos Alberto Gomes

domingo, 3 de novembro de 2013

O que aconteceu hoje no Carrefour considero um crime!



Hoje estava com minha esposa fazendo compras no Hipermercado Carrefour, na saída do Rio de Janeiro via BR-101. Periodicamente  vou lá fazer algumas compras de gêneros alimentícios. Como sabem,  este hipermercado, com sua variada banca de vendas, já é bem conhecida em todo o Brasil. Só não esperava que ia me deparar com uma cena grotesca, tola e perturbadora da tranqüilidade dos clientes. Em dado momento, ouço um som de sirene no meio  daquele grande recinto, semelhante a um alarme policial ou do Corpo de Bombeiros. Em princípio, pensei ser aqueles carros que recompõem mercadorias, mas logo vi que era um megafone na mão de provável funcionário. Segundos mais tarde ele se coloca no meio do povo e fala para ficarem tranqüilos, para não se agitarem com nada; para mim não havia dúvidas, algo de muito sério estava acontecendo dentro ou fora daquele estabelecimento. Pensei em tudo, até em um seqüestro gigante, um arrastão, ainda mais que no meio de todo aquele palavrório inesperado surgiu a palavra “negociação”. Então pensei: pronto, estamos reféns de bandidos! Já íamos  deixando o carro de compras com tudo que já tínhamos retirado das bancadas e sairmos sem pânico, até que três minutos depois soube que tudo aquilo era para promover a venda de uma TV de tela plana 47 polegadas.
Não sei o que todo aquele povo achou mas assim que souberam da trama feita pelo funcionário alarmista, voltaram todos para seus carros de compras, sabe lá Deus se estavam todos bem, se não haviam ali, pessoas traumatizadas com a violência de marginais, ou mesmo pessoas hipertensas ou no limite do seu bom senso.

Pensei em fazer uma reclamação num conhecido site para este fim mas resolvi apenas conversar sobre isso com você. Que grande estratégia é esta que se justifica em anunciar um aparelho de TV com um grande acontecimento comercial, nos moldes como foi realizado. Não vi cenas de protesto pelo que houve, mas um silêncio sofrido, pelo menos da minha parte, por não acreditar que eles teriam o atrevimento de praticar esta metodologia de vendas, como se fossemos uma boiada que se renderia ao medo e sem reflexão alguma, compraria sem pensar um aparelho de TV com novidades tecnológicas com uma diferença de duzentos Reais que fossem. Isso me trás um lampejo de esperança de que este silêncio, não seja mais um medo submisso, mas o enchimento das medidas de uma população que se vê em outros aspectos sociais, desenganados, iludidos e zombados em sua credulidade; estão começando a se tornar incrédulos. Qual será o próximo passo? O que mais essa selvageria do mercado vai preparar para um povo que trabalha e que quer ao menos respeito e consideração quando se dirigem a um estabelecimento para obter seus gêneros de necessidade? E a pergunta que não quer calar: será que a antiga lei da física não vai se aplicar a isto, que toda ação gera uma reação, nesse caso, talvez numa força ainda maior que a primeira? Não se esqueçam que quem não tem competência não se estabelece, é como no relacionamento: a fila anda!!

domingo, 27 de outubro de 2013

Perdidos na Rede


Coloquei este título parafraseando aquele polêmico início da carreira de apresentador de TV, Fausto Silva, na TV Bandeirantes, O Programa Perdidos na noite. Naquela época, a temática deste programa superava-se a cada edição, com situações inusitadas que envolvia sensualidade, a picardia, o ridículo, cenas de gosto suspeito, entre outras “pegadinhas”.  Até então, o conhecido e eternizado ícone do escrachado televisivo, Abelardo Chacrinha Barbosa, na TV Globo, era líder em audiência em programas de auditório.
Com o falecimento do velho guerreiro da Globo, Fausto Silva seria o substituto mais próximo do Abelardo Barbosa para conduzir os programas de auditório, com música, entretenimento e concursos populares.
Coincidentemente, muitas outras mudanças estavam acontecendo em outros contextos, levando os meios de comunicação a uma forma simplista de trazer aos telespectadores o que seria uma proposta de abertura na liberdade de expressão, que culmina atualmente na forma com que a fala e a escrita se expressam no meio popular, em nome de uma modernização da língua, particularmente nas redes sociais.
Confesso que, nos meus primeiros contatos com a internet, mais especificamente, aqueles blogs gratuitos e a primeiras redes sociais, me preocupei de manter minha comunicação escrita sem modismos ou gírias,  muitas das quais nem sabia o que significava. Daí em diante,  me vi frente a um dilema, uma dúvida cruel no  que meu interlocutor de fato gostaria de me dizer; como saber se ele assumiu uma forma de linguagem que tomou como politicamente correta, um glossário de abreviaturas, sinais e interjeições das mais variadas, ou então ele  estava tentando embarcar numa nova forma de escrita internetês  para com o tempo ganhar domínio deste novo “idioma”?



Independente do discurso filosófico da humanização da cibernética, só quero frisar que estou disposto a me atualizar na minha forma de comunicação, ainda porque, tenho que acompanhar o desenvolvimento da sociedade. Contudo, receio que eu devo estar preso a uma forma lingüística tradicional; ao mesmo tempo creio que o âmbito acadêmico é o espaço real que me faz mais confortável, pois ainda sustenta a ortografia como eu conheço desde o meu curso primário, meu ensino Fundamental. Por isso, me tornei muito seletivo na minha forma de interagir e de trocar idéias e informações com quem entende melhor meu português; para não me ver na necessidade de adivinhar o que o internetês  quer que eu entenda e eu corra o risco da ficar entre os perdidos na rede.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

me perdoe, Pipa!

Eu preciso te confessar, Pipa, que eu te amei, vivi momentos os quais há mito tempo não vivia. Tudo começou desde a chegada ao seu paraíso, muito mar, romantismo, glamour sem luxo barato, gente, você sabe como eu gosto de gente, comida impecável e atraente aos olhos, tudo me fascinou. Fui feliz nesses momentos, você sabe quando alguém se apaixona por você; 
Não chores por mim, pois neste momento novos amantes virão e se encantarão por você, nem precisaria te dizer isso, você sabe da beleza e da sensualidade que você tem; tenho certeza que você terá sempre uma vida feliz, pois sempre encontrará quem se encante com suas ondas, seu exotismo e tropicalidade, jamais esquecerei de você, ainda que, não tenha te visto totalmente, ficou um espaço de curiosidade no meu coração.
Só preciso te dizer que sou um caminhante e que, há momentos na vida de uma pessoa que não posso cometer o crime de retroceder, pois são momentos inéditos, os quais vale a pena vivenciar e saborear. Hoje a vida segue seu rumo e durante esta semana te cultuei,  te curti e compartilhei no facebook, mas escuto em mim um grito ensurdecedor, me chamando a outros momentos maravilhosos que não serão necessariamente em suas praias. Tenho receio de que, ao tentar repetir o prazer, para mim não seja mais a mesma novidade,  este clamor não é necessariamente por uma outra praia, mas quem sabe, ou outro fazer, já estou cheio de idéias, estou a fim de ver minha vida profissional por um novo ângulo, minhas amizades em um novo momento, um momento novo para mim mesmo, não faz diferença o que seja, mas que seja singular e que valha a pena se vivido verdadeiramente.
Dentro de um ano quero falar fluentemente um novo idioma, devo me dedicar mais à música, estou decidido a cuidar mais da minha saúde física, emocional e espiritual, pois assim, eu terei a felicidade não de ter algo que outros tenham, mas de ter o que vai me alegrar imensamente e que fará parte do acervo dos meus momentos felizes. Se não falar um novo idioma, que eu fale melhor o meu português, se não fizer parte de uma orquestra, eu serei maestro de mim mesmo através da minha música, se eu não for tão dedicado à minha saúde, que eu tenha o melhor bem-estar possível, mas um certeza eu alimento: de que novos e ricos momentos tais como eu passei em seu paraíso, Pipa, eu terei ainda muitos outros momentos inéditos e que me farão agradecido a Deus por ter uma vida tão boa!

sábado, 14 de setembro de 2013

Desistir nunca?



Desistir é para os fracos? há controvérsias. Quantas conquistas atropelam relacionamentos, qualidade de vida, até mesmo sua vida pessoal pois se baseiam na riqueza exacerbada, da fama desmedida e de sentimentos que beiram a fantasia total. Uma boa desistência é daquilo que não te faz falta, e como você descobre isso? ao perceber que você continua sendo você mesmo sem elas. Isto também não se descobre sozinho, nessas horas precisamos da felicidade de termos amigos leais, aqueles que não te cobram que você vá além dos seus limites, eles continuam te amando da mesma forma, não somente quando você conquista, mas também quando você sabe que precisa "abaixar a bola". Muitos querem que voce se dane e dê espaço a eles, mas alguns outros vão até te encorajar a ter uma vida harmoniosa e tranquila. Sei que este é um discurso bem anticapitalista, mas , com licença, não estou falando de coisas mas de pessoas, da conquista de si mesmo! Gostaria de colocar alguma figura que representasse a minha mensagem, mas em todo o google nada achei, se alguém encontrar, me faça o carinho de me enviar para colocar aqui. Abraços

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Depende!





Depende do modo que a gente vê
Depende do modo que a gente vê
a vida do jeito que a gente vê!

Não é tão difícil de entender
pois tudo tem uma razão de ser,
pois tudo tem uma razão de ser!

Eu nada posso ver por você,
não posso perceber por você,
mas posso tentar te entender!


A lua tem fases, a terra também,
e tudo acontece na vida de alguém,
apenas você pode ver mais ninguém,
nos temos os olhos pra ver mais além!

Depende do modo que a gente vê
Depende do modo que a gente vê
a vida do jeito que a gente vê!

Carlos Gomes




domingo, 1 de setembro de 2013

in-divíduo!



Detesto sushi!!! Algum problema?
Eu me congratulo com todos os apreciadores deste prato japonês já tão apreciado no Brasil, uma vez que, tendo que adaptar-se ao paladar incomum aos nossos livros de receitas, tem nesta iguaria uma fonte não apenas de propriedades alimentares  poderosas mas também de um modo lúdico e diferenciado de recompor suas energias.
Particularmente não tenho barreiras nem críticas a consumidores deste produto, nem ao próprio produto, muitos menos à cultura japonesa; eu simplesmente não tenho atração por pratos orientais nem tentei consumir sushi, sei que muitos adoram mas eu não sinto falta de sushi. Não é meu caso detestar sushi, disse isso no início como uma provocação pois venho aqui falar sobre  Individualidade.
Não vou entrar aqui no discurso antropocêntrico, quero apenas dizer que somos uma multidão de alguens. 
Certa vez eu coloquei no facebook a seguinte postagem: “Alguém poderia me ensinar a comer sushi? Eu não faço a mínima idéia.” Possivelmente nenhum dos meus amigos na rede deve gostar de sushi ou então não encontrei quem tivesse paciência ou interesse de me ensinar a forma de comer desta iguaria que tem até um quê de tropicalismo. Isso vale para qualquer assunto que eu venha expor na net e, nem por isso, estou fazendo alguma avaliação em meus amigos. Hoje se fala muito nas  “vibes”, aquele conjunto de elementos com os quais determinada pessoa se envolve ainda que por um determinado tempo, minha “Vibe” costuma ser constante: reflexões em meus blogs, meu ecletismo musical, meus inventos em artes plásticas, volta e meia, um elemento sobressai e posteriormente outros elementos predominam. Gosto do papo-cabeça, é meu jeito, a única forma com a qual posso ser acessível a quem não seja assim, é ser acessível à sua forma particular de ser.
Hoje fala-se muito em diversidade e respeito às diferenças mas na prática há muito caminho a ser percorrido para que essa proposta tão nobre seja praticada efetivamente. Torna-se necessário que cada um de nós tome consciência de que fatalmente alguma particularidade nossa não seja do agrado de todos. Se detestamos a Rede Trelelê de Televisão por exemplo, somos livres para detestá-la durante toda a nossa vida; se não curtimos tudo que nos aparece nas redes sociais, isso se aproxima bem ao que disse um anônimo: “Todos os dias abro o jornal para saber aquilo que eu penso.”Aliás, quem souber o autor dessa frase, colooque aqui no comentário, agradeceria extremamente!
Somos desde o início do dia, condicionados aos noticiários, aos produtos de propaganda, ao consumo, aos outdoors, nos fechamos em nossos walkman e nos bombardeamos de tudo que nos garante prazer imediato, alegria, popularidade e sucesso; fora de ser uma crítica puritana, digo que este é nosso mundo, a grande metrópole onde vivemos, cujo preço de sobreviver é a competição nos meios de transporte, melhor qualidade de habitabilidade, melhores oportunidades de emprego, como também os confrontos que ocorrem em razão da população que a cada dia vem das pequenas cidades, com seus valores, crenças, hábitos, necessidades pessoais e sociais, uma verdadeira avalanche de hábitos e ideologias vem em nossa direção. Na psicoterapia temos entre outros objetivos, ensejar a quem procura, um melhor conhecimento de si mesmo, para que sua saúde emocional seja não em decorrência de fatores superficiais apenas demarcados por momentos, mas justamente estes elementos que caracterizam o ambiente de uma metrópole tão desafiadores sejam por si só, promotores de uma boa percepção de nós mesmos, uma vez que a maior riqueza que podemos obter hoje frente a tantos apelos afetivos, é preservar o respeito a nós mesmos, ou seja, a essa individualidade tão densa e que precisamos tanto proteger, este in-divíduo, isso que não se pode subtrair.
Então, eu não sou obrigado a gostar de sushi e se eu detesto sushi, ninguém tem nada com isso, mas aos que adoram, boa apetite! Bom apetite mesmo!

domingo, 25 de agosto de 2013

o fio finíssimo entre a mágoa e a soberba.


Para  aqueles  que já conhecem as Escrituras Sagradas, o tema é muito conhecido dado a forte tendência do ser humano a se ver envolvido por eventos causadores de rancores e mágoas; os próprios teólogos tem a través da literatura cristã já abordado muito sobre este assunto. Todavia, tratando terapeuticamente sobre este tipo de demanda, o ápice se dá quando alguém reconhece mágoas dentro de si, é hora de escolher o que ele vai fazer desse sentimento, ou decidirá perdoar quem o ofendeu e lhe trouxe dano ou dará outros nomes à sua fuga, nesse caso a redução de danos seria praticamente zero, explico sobre a redução de danos: Quando alguém tem determinado vício, em alguns casos recomenda-se  que ele deixe aos poucos, para que nada seja feito de forma violenta, mas isso também é uma escolha, cada um sabe da urgência da solução de um problema e então tratará de priorizar as saídas da adversidade.

A falta de perdão ao meu ver não afeta apenas a trajetória da vida espiritual, mas também no aspecto emocional , não relevar antigos problemas  de relacionamento, seja conjugal, familiar ou entre amigos, tornam-se um entrave para novas realizações, pois seremos constantemente como que clandestinos na relação com os outros, a busca por substitutivos pode ser legítima mas também pode ser uma forma de camuflarmos nossas frustrações, nada melhor então que agir de forma eficaz contra este pensamento, ainda que o mar seja contrário; com certeza, nos sentiremos vencedores e com ótimas reservas de dignidade, ao perceber que pôde vencer a si mesmo, pois na vida nós é que escolhemos que futuro teremos, espero que o seu seja de muita paz, humildade, harmonia e serenidade.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Praia de Pipa, apenas um sonho, por enquanto!

Crônica: o homem e as árvores



Considere este minúsculo texto uma modesta crônica. Pode parecer um ato de desabafo mas que corresponde a uma desnuda realidade de um momento peculiar no mundo masculino. Hoje de sobressalto me vi fazendo esta analogia que me fez pôr este título. O homem surge como maior ideal, o desbravador, o pai, o sábio, o líder. Porém, se pudéssemos marcar no tempo esta concepção, hoje esta face do gênero masculino é visto como que nos primeiros minutos da nossa história, pois, com o avanço deste gráfico de avanços e mudanças no comportamento humano, diríamos que aqueles adjetivos hoje são mudados em outros sinônimos, como o homem moderno, condescendente, sensível, democrático e solícito.Obviamente o que ainda se evidencia no mundo é ainda uma forte mentalidade machista, através de, não somente quanto aos índices de violência doméstica, abusos, estupros, e não somente isto mas variadas instituições sustentam de forma velada a imagem do gênero masculino, em especial na vida política e na vida religiosa do mundo ocidental. Pensando neste verso lúdico do Gilberto Gil, do grão que “ morre e nasce  trigo, vive e morre pão”, pensei na árvore que um dia floresceu, deu frutos, deu sombra, e hoje, embora fisicamente tenha o mesmo destino, elas se eternizam nos cortes das serras elétricas, tendo um destino que poucos se atém, transformados em papel, livros que alguns lerão mas depois procurarão mais conhecimentos em outros livros, fora outros papeis que terminarão nos picotadores para serem reciclados em alguma coisa que possas ser útil. Os adjetivos hoje atribuídos ao homem gênero, vem na forma de atributos considerados ideais ao bom indivíduo, para que este então se adeqüe e desta forma, faça parte da engrenagem social de forma satisfatória, sem que ele mesmo se nomeie mas que seja nomeado com este conjunto de requisitos do homem ideal, um homem, um homo-script. Voltando a citar o Gilberto Gil: "quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória..." Claro que tudo isso é uma doce ilusão pois hoje temos apenas resquícios de sombras que hoje buscamos, uns poucos poetas, profetas e baluartes da humanidade, pelo eco do que nos deixaram. Cabe a cada indivíduo, independente do gênero, voltar-se para o homem primordial sua razão de ser no mundo, fazendo sobreviver o que mais necessita e não acomodar-se aos rótulos transmitidos pelas instituições formadoras do conhecimento, ao não ser que, semelhante ao papel, apesar de todos os nomes que recebeu na vida, quem sabe haja esperança de que a reciclagem resulte enfim no melhor homem que já existiu.
Carlos Alberto Machado Gomes

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

nosso mundo está esquisito!



          É impossível que isto que isto esteja acontecendo apenas comigo, mas aqui vai uma boa notícia: estamos de parabéns! Explico: Se você quiser saber três fatos interessantes que ocorreram na semana passada, haverá um esforço enorme para recordar pois desde que levantamos, nos automatizamos escravos de coisas que nós mesmos criamos, coisas como despertador, agenda, um rádio para ouvir sobre as condições do tempo e das estradas, e daí em diante todos os nossos movimentos, parafraseando o conhecido  personagem cômico Chapolim, "são friamente calculados", mas na verdade somos condicionados a uma rotina, hoje que é até tema para discussão, se é uma coisa boa ou ruim, enfim, passa-se um dia, uma semana, meses e até anos passam despercebidos por conta dessas nossas traquitanas tecnológicas, que deveriam estar a nosso serviço...



          Para aqueles que passam o tempo subjugados à sua agenda (nada contra ser organizado), é mais fácil deixar-se levar por seus compromissos e até mesmo afazeres extras, como mais tempo no local de trabalho, mais tempo num bar, mais tempo na internet, e assim, vem o alívio ao notar que aquele dia já se foi, apesar de não ter sido suficiente para se fazer o que desejava.

          Tentei achar uma figura para representar  em gráfico como tudo tem-se acelerado, na tecnologia, na economia, nos acontecimentos do mundo, tudo como que correndo numa pressa vertiginosa; daí a grande dificuldade que temos de perceber estas mudanças se não estivermos atentos. 

          Então vem a pergunta: como eu tão sujeito e suscetível a estas  mudanças, posso reconhecer essa dor de existir?Wilhelm Wundt, grande pesquisador da segunda metade do Século XIX, um dos maiores incentivadores do reconhecimento da Psicologia pela ciência, ele privilegiava a capacidade visual para a percepção do mundo que nos cerca, sendo que por algum tempo, até a Gestalt-terapia, pelas pesquisas de Fritz e Laura Perls, mostraram que essa percepção não é uma ação intrisecamente física mas também baseadas na visão do homem e do mundo, através da doutrina holística, na fenomenologia e existencialismo, ou seja, nosso mundo não é apenas o que vemos por nossas retinas, mas o que simboliza aquilo que vemos.

       Por isso não se sinta estranho por notar as mudanças à sua volta, pois somos atravessados intensamente por símbolos, tradições, ritos, modelos, conceitos, preconceitos, estranhamentos, e isso torna cada um de nós pessoas normais. Os que afirmam estar harmonizados com nosso mundo, são os que se disciplinam para se conhecerem e assim lidar melhor com o mundo e as pessoas, sejam religiosos, vanguardistas de um novo comportamento, misticos em geral. 

           É comum uma pessoa iniciar um processo de psicoterapia e proteger-se falando bem sobre si mesmo, do quanto sua família é espetacular, de quanto seus amigos são especiais, mas gradativamente, com ajuda terapêutica ele passa a dar conta de que ele não é tudo aquilo, ele é uma pessoa normal, que sua família é uma família normal e seu mundo não se consertará porque não há o que consertar, pois da mesma forma como nosso corpo, é inadmissível que alguém deseje crescer proporcionalmente, seríamos grande  bebês e nosso peso normal seria talvez uns duzentos quilos, em nada mudaríamos e nossas cidades  deveriam se adaptadas a uma população de bebês.

Sim, o mundo se transforma a cada dia assim cono nosso corpo, por isso, ao acordar, não tenha pressa, respire fundo, alongue-se, sinta seu corpo,seus sentidos, decrete a si mesmo um ótimo dia e seja proativo, faça um filtro de tudo que você ouve e vê, tire os melhores proveitos, pois é melhor que reconheças as esquisitices que nos cercam do que negar a sua realidade e viver debaixo de alienação e anestesia existencial, caindo muitas vezes no descaso com o coletivo. Lembre-se de que, quem vai ao médico, não inventa uma dor mas descreve seu desconforto, reconhece seu sofrimento e assim, recebe o apoio terapêutico que não é apenas a prescrição de uma medicação, mas a palavra de quem "sabe" sobre seu corpo e sua saúde, e isso é um dos pilares da formação do psicoterapeuta, nossos psicólogos clínicos.

Carlos Gomes