Considere
este minúsculo texto uma modesta crônica. Pode parecer um ato de desabafo mas
que corresponde a uma desnuda realidade de um momento peculiar no mundo
masculino. Hoje de sobressalto me vi fazendo esta analogia que me fez pôr este
título. O homem surge como maior ideal, o desbravador, o pai, o sábio, o líder.
Porém, se pudéssemos marcar no tempo esta concepção, hoje esta face do gênero masculino
é visto como que nos primeiros minutos da nossa história, pois, com o avanço
deste gráfico de avanços e mudanças no comportamento humano, diríamos que
aqueles adjetivos hoje são mudados em outros sinônimos, como o homem moderno,
condescendente, sensível, democrático e solícito.Obviamente
o que ainda se evidencia no mundo é ainda uma forte mentalidade machista,
através de, não somente quanto aos índices de violência doméstica, abusos, estupros,
e não somente isto mas variadas instituições sustentam de forma velada a imagem
do gênero masculino, em especial na vida política e na vida religiosa do mundo
ocidental. Pensando neste verso lúdico do Gilberto Gil, do grão que “ morre e
nasce trigo, vive e morre pão”, pensei
na árvore que um dia floresceu, deu frutos, deu sombra, e hoje, embora
fisicamente tenha o mesmo destino, elas se eternizam nos cortes das serras elétricas,
tendo um destino que poucos se atém, transformados em papel, livros que alguns
lerão mas depois procurarão mais conhecimentos em outros livros, fora outros
papeis que terminarão nos picotadores para serem reciclados em alguma coisa que
possas ser útil. Os adjetivos hoje atribuídos ao homem gênero, vem na forma de
atributos considerados ideais ao bom indivíduo, para que este então se adeqüe e
desta forma, faça parte da engrenagem social de forma satisfatória, sem que ele
mesmo se nomeie mas que seja nomeado com este conjunto de requisitos do homem ideal,
um homem, um homo-script. Voltando a citar o Gilberto Gil: "quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória..." Claro que tudo isso é uma doce ilusão pois hoje temos apenas resquícios de sombras que hoje buscamos, uns poucos poetas, profetas e baluartes da humanidade, pelo eco do que nos deixaram. Cabe a cada indivíduo, independente do gênero, voltar-se para o homem primordial sua razão de ser no mundo, fazendo sobreviver o que mais necessita e não acomodar-se aos rótulos transmitidos pelas instituições formadoras do conhecimento, ao não ser que, semelhante ao papel, apesar de todos os nomes que recebeu na vida, quem sabe haja esperança de que a reciclagem resulte enfim no melhor homem que já existiu.
Carlos Alberto Machado Gomes
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