segunda-feira, 30 de julho de 2012

Parada do Tempo





Ontem eu pensei
Sobre  como seria
Hoje,  este novo dia
Pensei   como  acordaria,
Meu dia,  como seria?
Mas  hoje, que ironia!
Espero mais uma hora,
Reclamando da demora
Pensando no que poderia
Estar fazendo lá fora.
Uma hora já passou,
espero mais um minuto,
inquietantemente eu luto
querendo ser dono do mundo,
percorrer os sete mares
em apenas um segundo.
Por quê não paras relógio?
Pergunta a antiga canção,
Agora  esqueço do tempo
Que não posso resgatar,
Se bem que, apesar de tudo
foi uma bela invenção,
para me dar uma história,
com sonho, alegria, emoção,
meio, inicio e fim,
vejam o que me tornei!
O melhor que pude ser,
E que ainda serei!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

A importância dos ritos

Como é importante a presença do ritual ou cerimonial no decorrer da nossa vida. O ritual valoriza mesmo, dá valor, dá poder, e também confere ordem as coisas, organiza e orienta. É a capa do livro que diz a prateleira, o conteúdo é o recheio, o mais importante, o mais saboroso, o mais desejado. São valores distintos, ambos valiosos. O primeiro dia no jardim de infancia,  as passagens para a vida adulta, o baile das debutantes, as formaturas, as aberturas dos jogos, o pedido de namoro, noivado, casamento, familia, os simbolos espirituais, o velório, o luto, a dignidade da velhice, tudo tem seu momento carregado de significados, sem os quais não nos reconhecemos como sociedade e gradativamente entramos no crepúsculo da saudade de sermos humanos, a razão de ser e o que nos difere em muito de qualquer outra sociedade. Os ritos estão muitas vezes latentes a nós mesmos e muitas vezes bem nos damos conta de quantos ritos já passamos, mas eles estão presentes todos os dias nas nossas vidas, mas destacando na característica religiosa, percebe-se que eles são de certa forma a parte mais importante para uma “evolução” dentro do grupo e que caracterizam o indivíduo, como mais integrado a esse grupo, ou seja, servem para reforçar esse sentimento de pertencimento, identificação, reforço das representação coletivas. Por isso é necessário que nos afastemos de qualquer preconceito com o termo ritos, pois isso faz parte comum em nossas vidas.

sábado, 21 de julho de 2012

GIVERNY - Jardin Claude Monet

Terapeutas são faróis



Estava aqui me lembrando dos meus tempos de caserna, mais exatamente, nas minhas travessias pelo litoral brasileiro. Algo que me fascinava era o trabalho do navegador. Nas noites escuras, eu trabalhava como vigia, era a função do marinheiro que com um binóculo, procura constantemente um ponto luminoso que pode ser tanto uma embarcação ou algum sinal de terra. Agora até que temos grandes avanços  tecnológicos, mas algo  persiste por séculos, o dia-a-dia de um navegante, os faróis. Tão tematizados   me lembrando aqui, da extrema importância que de fato, os faróis são para as navegações, em especial durante  a noite.
          Tempos depois, me tornei um técnico em Meteorologia e passei a ser um observador do céu e atualmente sou um observador do ser humano, um terapeuta. Eu me deparo hoje algo que me saltou aos olhos sobre a função dos faróis. Por  favor, poetas, não se ofendam, só quero falar da minha experiência pessoal. Em ainda me lembro da real função daqueles faróis que tanto localizei e, com esquadros e um compasso, tomava a carta náutica, mais minha distancia -radar de terra, coincidindo os ângulos, eu podia saber exatamente em que ponto do mar e da terra eu estava.  Eu também me considero um poeta e nem por isso me importo de desconstruir alguns conceitos e construir novos. Para surpresa minha, compreendo hoje que os terapeutas devem ser como faróis, não se arrogando sabedor dos segredos do navegante,  a  função dos faróis não é de iluminar o mar como quem ilumina uma estrada assim como o terapeuta não se arroga de uma posição de guru, ou alguém que vai dar luz a outro, mas única e singelamente, ajudar o navegante a se dar conta de onde ele está, e isso para o navegante é tudo que ele precisa para continuar navegando.
           É simples assim. Como é gratificante reconhecer este outro que está cada um no seu mar, assim como eu, alguém que continua navegando, agora por outros mares, pois navegar é preciso e viver... também!

terça-feira, 17 de julho de 2012

Voce ainda lê cartas?

A chatice das antigas cartas, hoje, na verdade hoje são as cartas eletronicas, os e-mails. O email não tem a mesma emoção do msn, não é on-line, não requer pensar muito mas principalmente se deixar levar pela emoção, como se nada pudesse esperar, mas é por email que a gente fala as coisas para pensar, reler, coisas que falamos com certeza e que pode ser analizada, cada frase, cada palavra, antigamente as cartas eram assim,havia o ritual dos correios, a colagem, a melhor letra e para alguns até um perfume seguia de umapessoa paraoutra, nas cartas as pessoas abriam o coração, nada contra a tecnologia, mas hoje mal se tem tempo nem para almoçar, algo essencial para o corpo, hoje tudo é corrido e até as amizades não são mais como antes, tudo muito diferente de como aprendi.
Agora poucas pessoas lêm um bom livro, menos ainda gostam de escrever, pobres de nós, estamos ficando cada dia mais burros, enganados por aquilo que chamam de progresso. Que pena! que pena mesmo! Cabe a mim apenas me adaptar ao sotaque internetêz, me conformando a essa nova interação e eu tenho que me unir aos demais, empurrado pela correnteza da frieza das relações entre as pessoas.
Pode dizer, não pertenço a esta nova geração, de fato sou de outro mundo, completamente vendido pela necessidade de manter conectado quando eu antes tinha chance de ter minha individualidade, haviam os assuntos que tratavamos em particular, agora parece que tudo de mim tem a obrigação de se tornar público;´tens razão, eu preciso me ajustar a uma segunda-classe nesse grande navio que é o mundo pos-moderno e marcado pelo que chamam de progresso. Como é chato um e-mail, como é chato aguentar um quase sessentão pela internet. Não se preocupe, sou eu que estou ficando cansado de tanto correr, tomem a frente, não vou atrapalhar o corredor, mas ainda me orgulho da vida que eu tive, de ter tido um excelente curso do Ensino fundamental, antes chamado de curso primário; eu me orgulho de começar a fazer redação, na segunda série com professores inesqueciveis. Só agradeço pela paciencia e a toda essa nova geração, desejo no fundo do meu coração, sem ironias nem rancores: Boa sorte!
Eu quero estar totalmente errado e chegar a conclusão que todos voces estão certos, esta nova geração até me convenceria, apenas me mostrem onde fica a simplicidade e a sensibilidade que aos poucos foi desaparecendo, cada dia mais longe de nós, quero que me convençam, estou com o coração aberto para acreditar. E viva a liberdade de expressão! vou desfrutar!

domingo, 15 de julho de 2012

A palavra e a ação


O amor não é um sentimento, o amor é uma palavra. O que importa é a conexão que essa palavra carrega.”  
Matrix Revolutions.

Nada melhor que a própria vida com seu revezes para reconhecermos  em nossos relacionamentos, até onde vai o discurso da solidariedade. As palavras saem, maior parte das vezes, de modo tão fácil e facilitado pela tecnologia; e-mails, e-motions, scrapps, comentários  e outra formas de interação que nada mais são do que uma indicação de que alguém quer dizer algo. Aprendemos cedo sobre essa palavra, uma forma sólida de agir, algo que efetivamente se faz em favor de outrem, apesar de que, quanta fragilidade campeia as relações humanas que há um extremo contentamento com pouco que seja, como alguém que supostamente concede a ultima gota de água do seu cantil, mas que na verdade, teria muito a contribuir, medos generalizados de perder isso que supostamente é muito; quem dera  todos soubessem que  quanto mais semeamos a amizade, a solidariedade, a gentileza, mais ainda ganhamos em nossa alma. Enfim, ainda que isso não seja muito consolador, o fato de que os verdadeiros amigos só se conheçam nos tempos difíceis, que seja, de qualquer forma, como disse Jung  um dia: “Tudo que nos irrita nos outros pode nos levar a um melhor conhecimento de nós mesmos." Ainda que a dor do abandono traga uma grande dor, ainda sim, ganhamos músculos interiormente. Com aprendi? Simples: com a vida!

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A voz de um invisível


Eu vivia bem, de acordo com minhas posses, até que um dia, uma devastação levou minha casa. Lá viviam pessoas que faziam parte da minha vida, mas de repente não sei onde estão; muito me dói contar tudo isso mas preciso.

Hoje estou abrigado num lugar frio, sem o meu cheiro, nunca imaginei que passaria por isso, enfim, estou aqui diante de você. Sei que pela rádio e pela TV você soube do que houve, do que a imensa chuva causou na nosssa cidade. Você se apiedou de mim e me trouxe alguns donativos, coisa de primeira necessidade; você trouxe um pouco de música para os filhos que ainda tenho não sofram tanto, no que sou muito agradecido.

Mesmo assim, eu sei que você daqui a pouco vai embora, tocar a vida com todas as facilidades que Deus te deu, e o que me sobra é que ainda estou sem o meu ninho enquanto quem poderia me ajudar se enche de justificativas; não estou com aquelas pessoas que antes eram meus amigos de sinuca, futebol e conversa fora, eles também estão como eu, mais do que sem-teto, sem-justiça-social. Com certeza meu emprego está perdido pois só tenho cabeça agora para minha mulher e os filhos que ainda tenho; precisa de comida, água, roupa limpa e um lugar para um ser humano dormir.

Por favor, não quero te trazer culpa, não há culpados realmente; você fez o melhor que você pôde, quanto a mim vou reconstruir minha vida, não acredito em maldições nem quero me fazer de vítima; talvez não tenha tanto quanto você mas sei que eu posso escrever uma nova história, que talvez ninguém venha a saber, contanto que tão somente eu saiba que, por respirar, me mover e pensar, posso virar esta página da minha vida, pois sei que posso fazer isto, de esperto que sou, usarei das minhas reservas de dignidade, que não joguei fora nos bons tempos.

Não ! você não viu ainda ninguém igual a mim!

Vai com Deus!