terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O passageiro



Queria ser mais grato mas não posso,
eu só existo com o ar que eu respíro.
e como dança turca, busco em  giro,
saber que nada é meu mas tudo é nosso,

até que a minha mente se dê conta,
de toda história que a vida me apronta,
a minha alma arrebatada e tonta
vai mergulhando nesta corredeira

ao bom perfume do capim cidreira,
e  somente Deus, quem sabe queira
curtir meus versos pela  vida inteira,
que meu poema leve a noite inteira

até que um dia eu possa agradecer
com toda energia do meu ser, 
por hora só meu sentimento endosso,
queria ser mais grato mas não posso!

no fundo mesmo bom é ser finito.
mesmo um sussurro ou um forte grito
vai me fazer lembrar quem sou agora 
feliz o dia em que eu for embora.

quem me procura está bem lá fora;
deste concreto, frágil proteção
eu sei que tudo é um grande mistério
mas assim é meu novo coração.



Carlos Alberto Machado Gomes



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