segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Irmãos se reencontram após 40 anos. E agora?


Irmãos se reencontram depois de 40 anos. E agora?
Aconteceu esta semana como acontece em várias partes do mundo, irmãos não necessariamente biológicos mas com uma importante história de convivência interrompida pela vida e suas exigências. Será que isso tem alguma coisa a ver com bem-estar psicológico? Sim e muito, pois dois pontos importantes permeiam estes encontros especiais.
Primeiramente veja como este  reencontro  provoca antecipadamente uma carga de ansiedade que, dependendo do indivíduo, pode se deparar com a concretização das suas expectativas ou então uma frustração e insatisfação em razão de expectativas não concretizadas, fora outros sentimentos motivados por auto-afirmação, complexo de inferioridade e baixa auto-estima. Outro ponto que quero frisar é o fato de que o tempo é o autor das mudanças. Ainda que o tempo de separação não tenha sido tudo isso, quem sabe, metade disso, já é um tempo significativo, até mesmo para demarcar a adolescência, o ritual de passagem  e efetivamente a vida adulta. A nostalgia que se instala através de uma música antiga, uma obra de arte, até uma antiga amizade, através da recordação do que faziam entre a escola e a família mas essa nostalgia tem uma volatilidade, talvez a beleza seja essa, a de ser volátil, não se sustenta por muito tempo pois a realidade está nos nossos sentidos e nos informa que os tempos mudaram e também as pessoas e, claro nós também mudamos. Isso requer de nós um reconhecimento de que neste reencontro, veremos a mesma pessoa mas não o mesmo ser, portanto, não pode ser vista como alguém que saiu de uma câmara de gelo, a exemplo do personagem do Mel Gibson protagonista do filme Forever Young, este que aliás, ganhou sua idade real no fim da história.
Chama-se Alteridade a capacidade que um indivíduo tem de reconhecer o outro na sua totalidade e na sua plenitude. A carência dessa conduta nos faz perder uma preciosa oportunidade de evoluirmos em nossos relacionamentos humanos, cabendo uma análise critica para uma série de desconstruções necessárias, em especial, a de se sentir o rei supremo sobre os que o cercam, sabemos que estamos num grande barco onde todos remam e o respeito ao outro como pessoa é uma excelente virtude para o indivíduo do Século XXI.
Há que se reconhecer e respeitar a evolução de cada indivíduo, justamente por não sabermos que mudanças aconteceram e cometermos o erro de criar estereótipos, julgar e confiar num antigo olhar, pois nada é para sempre e quer saber, isso é ótimo. Se eu encontro alguém depois de 40 anos, cabe a mim celebrar a vida s os anos passados de aprendizado e, modestamente, procurar conhecer aquela nova pessoa, que é a mesma, porém, muito, muito melhor agora, mais amadurecida, vivida e calejada de várias batalhas; preste atenção pois você hoje pode estar diante de uma pessoa fabulosa, uma amizade que vale a pena ser vivida e celebrada.
Um fraterno abraço a todos

Carlos Alberto Machado Gomes

Psicólogo Clínico e Gerontólogo

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