Irmãos se reencontram depois
de 40 anos. E agora?
Aconteceu
esta semana como acontece em várias partes do mundo, irmãos não necessariamente
biológicos mas com uma importante história de convivência interrompida pela
vida e suas exigências. Será que isso tem alguma coisa a ver com bem-estar
psicológico? Sim e muito, pois dois pontos importantes permeiam estes encontros
especiais.
Primeiramente veja como este reencontro provoca antecipadamente uma carga de
ansiedade que, dependendo do indivíduo, pode se deparar com a concretização das
suas expectativas ou então uma frustração e insatisfação em razão de
expectativas não concretizadas, fora outros sentimentos motivados por
auto-afirmação, complexo de inferioridade e baixa auto-estima. Outro ponto que
quero frisar é o fato de que o tempo é o autor das mudanças. Ainda que o tempo
de separação não tenha sido tudo isso, quem sabe, metade disso, já é um tempo
significativo, até mesmo para demarcar a adolescência, o ritual de passagem e efetivamente a vida adulta. A nostalgia que
se instala através de uma música antiga, uma obra de arte, até uma antiga
amizade, através da recordação do que faziam entre a escola e a família mas
essa nostalgia tem uma volatilidade, talvez a beleza seja essa, a de ser
volátil, não se sustenta por muito tempo pois a realidade está nos nossos
sentidos e nos informa que os tempos mudaram e também as pessoas e, claro nós também
mudamos. Isso requer de nós um reconhecimento de que neste reencontro, veremos
a mesma pessoa mas não o mesmo ser, portanto, não pode ser vista como alguém
que saiu de uma câmara de gelo, a exemplo do personagem do Mel Gibson protagonista
do filme Forever Young, este que aliás, ganhou sua idade real no fim da
história.
Chama-se
Alteridade a capacidade que um indivíduo tem de reconhecer o outro na sua
totalidade e na sua plenitude. A carência dessa conduta nos faz perder uma
preciosa oportunidade de evoluirmos em nossos relacionamentos humanos, cabendo
uma análise critica para uma série de desconstruções necessárias, em especial,
a de se sentir o rei supremo sobre os que o cercam, sabemos que estamos num
grande barco onde todos remam e o respeito ao outro como pessoa é uma excelente
virtude para o indivíduo do Século XXI.
Há
que se reconhecer e respeitar a evolução de cada indivíduo, justamente por não
sabermos que mudanças aconteceram e cometermos o erro de criar estereótipos,
julgar e confiar num antigo olhar, pois nada é para sempre e quer saber, isso é
ótimo. Se eu encontro alguém depois de 40 anos, cabe a mim celebrar a vida s os
anos passados de aprendizado e, modestamente, procurar conhecer aquela nova
pessoa, que é a mesma, porém, muito, muito melhor agora, mais amadurecida,
vivida e calejada de várias batalhas; preste atenção pois você hoje pode estar
diante de uma pessoa fabulosa, uma amizade que vale a pena ser vivida e
celebrada.
Um
fraterno abraço a todos
Carlos Alberto Machado Gomes
Psicólogo Clínico e Gerontólogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
o que você pensa disso?