Depois de uma longa espera, doze anos às voltas com o inventario de bens, dos quais todos os filhos abriram mão de partilha, Dona consegue reunir seus filhos e noras e um genro, para assinar papeis num cartório. Depois de tanta espera e reconhecidamente, depois de toda paciência e perseverança daquela matriarca, ali estavam todos aliviados mas ainda tensos pois o ambiente de um cartório é sempre de tensão, investigação, desapontamentos e/ou dissabores, fora o ar carrancudo do tabelião que a todo custo impõe a seriedade do seu trabalho. Numa pequena sala la estavam todos os convocados se espremendo; lá estava também o comprador do imóvel pronto para efetuar o pagamento após também longa espera pela liberação do imóvel, pela mesma razão: a burocracia cartorial.
Repentinamente o comprador começou a contar algumas histórias sobre sua atividade de trabalho; talvez não tivesse a intenção de quebrar o gelo mas, de pouco a pouco, foi aumentando a graça de tudo a quilo que ele falava e isso foi contagiando um e outro e de repente houve uma série de frases puramente hilariantes e não foi possível segurar o riso, em poucos momentos quase todos se despencaram em gargalhadas fora uns poucos que se mantinham, como assim dizer, comportados. Um dos filhos prendia visivelmente o riso pois não tinha a liberdade de ir em publico, perdeu um ótima chance de se soltar; enfim, estavam todos numa risadaria contagiante.
Com as divisórias daquela sala eram em vidro dava para se perceber em volta os olhares espantados e estapafúrdicos dos de fora, afinal, rir naquele lugar era como um sacrilégio, como sentir prazer e contentamento num oratório da justiça, num espaço tão carregado de seriedade; ah sim, diga-se de passagem, o tabelião foi um herói, se segurou bem, o melhor de tudo é que ele não se comportou como um sacerdote surtado, pedindo silêncio ou respeito.
Ah com são preciosos estes momentos, de rir um pouco da própria vida; como foi foi aquele momento; em que a grande homenageada estava feliz e ainda não satisfeita, preparou uma surpresa que nada tinha a ver com papeis; após tudo se concretizar, ela retiruo de sua bolsa um recipiente com... pastéis de forno com recheio de frango, do jeito que ela fazia quando aqueles filhos eram crianças, aqueles pastéis que ela fazia para os passeios ou piqueniques; não faltou a foto para registrar, tudo isso aconteceu esta semana, dia 30 de abril na cidade de Itaboraí. Obrigado Dona Zelithy, minha querida mãe, por você existir.
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