Parece tão óbvio mas quantas vezes atropelamos o óbvio. A própria história mostra que o direito privacidade não começou com a construção do primeiro quarto de dormir ou o primeiro espaço familiar, salvo nos casos de disputa de terras ou de tronos, coisas deste gênero. Atuamente o que é da ordem do privado, para muitos cai na mera elaboração de uma senha de e-mail ou pseudônimos que dão a aquela pessoa o sentimento de anonimato onde tudo pode ocorrer na ordem do histérico. Contudo, existe a necessidade do privado, não como uma forma egóica e irracional de convivência social, mas como forma de auto-preservação da dignidade, direito esse que vai da tranquilidade que se espera num veículo coletivo, no local de trabalho e mui especialmente, na intimidade da sua própria casa; com tantos recursos e ações invasivas, que vai de um inoportuno telemarketing que selvagemente tenta nos vender um produto ou mesmo quando nós apenas desejamos transformar ao menos nossa casa, no nosso lugar de soberania, onde podemos receber pessoas que nos proporcionem bem-estar, respeito e cordialidade, o que nada tem a ver com egoísmo; o discurso da igualdade entre as pessoas infelizmente não é argumento suficiente para abrirmos nossa porta e nos expor gratuitamente a invasões e perigos diversos. Seja como for, cada um é que sabe onde termina a privacidade e começa o egoísmo e vice-versa, aqui não se trata de julgar ações, mas creio se saudável que cada um saiba valorizar-se, saiba preservar-se, não por paranóia ou implicância, mas consciente de que mesmo no mundo em que vivemos, em que a cobiça é descabida, abrir seu coração a quem o seu coração permitir, com singeleza e alegria, sem pedágios, sem pressões; ainda que decepções sejam possiveis, isso só nos ensina a cuidar melhor de nós mesmos.
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