Vejo
constantemente nas redes sociais postagens relacionadas a fatos na vida
politica brasileira, tendo supostamente a finalidade de denunciar, reprovar ou
apenas posicionar-se sobre tal assunto. Exemplos últimos, tais como a presidência
da Comissão de Direitos Humanos, a presidência do Senado, outros cargos
importantes no governo ocupados por políticos de passado questionável, entre
outros fatos semelhantes. O que me causa espécie, parafraseando o Sr. Ministro
do Supremo Tribunal Federal, é que, já faz alguns anos que noto nas formas de
expressão daquele que se revolta, uma forma de desabafo do tipo “haja
paciência!”, isso por parte até mesmo de grandes jornalistas pela TV e jornais,
que assim concluem seus comentários sobre desmandos e falcatruas nos
seguimentos dos governos.
Para
que fique ilustrado de forma, vamos ao que me é mais visível e a mais
popularizada forma de protesto dos últimos dez anos: o nariz de palhaço. Quem
criou esta metáfora? Pergunto; o povo? Fica em aberto para respostas, mas é
nítida a aceitação deste acessório que faz arte de uma digna e bela profissão,
pessoas que tem vocação para trazer alegria a todas as idades. Hoje estes
mesmos profissionais são cidadãos trabalhadores, ainda que a profissão os levem
a maquiar-se, no entanto seu objetivo enquanto carreira é visível: Trazer
alegria e entretenimento; estes mesmos são muitas vezes injustiçados,
sacrificados, porque são como cada um de nós que também pagam seus impostos e
com mesmo direito à liberdade de
expressão como qualquer outro cidadão brasileiro. Entretanto, o uso desse
acessório engraçado, por manifestantes mediante situações de protesto, dão uma
conotação totalmente contrária ao uso daquele objeto, dando à figura do palhaço
seu lado injusto e melancólico, de alguém com vocação para o ridículo e para o
despejo dos escárnios dos nossos representantes na vida política.
Cabe
aqui uma reflexão, se nestes manifestos, o que se propõe, afinal? Posicionar-se
radicalmente contra as ações de um político consideradas impróprias para um
legislador ou autoridade municipal, estadual ou federal, ou mesmo parlamentares
no Congresso Nacional ou no Senado, buscando ações claras de efetivo repúdio a
estes representantes ou, apenas justificar as ações dos mesmos com um
sentimento de autocomiseração, covardia, descaso, omissão velada, que me perdoem até inveja mesmo se não mesmo, um apoio incondicional a todos
estes que desonram nosso país, assim mesmo), como bobos da corte, nós como palhaços
estamos alegrando a festa deles;
desfilamos com nossos narizes de palhaço enquanto eles afirmam que estão agindo
democraticamente, com o mesmo cinismo, perversidade e uma assumida megalomania
de poder, quando estão à frente de um cargo público. Estes que agora nos envergonham
na investidura dos seus cargos querem ver e ouvir nossos shows e pantomimas, os
senhores feudais, aliás colocados por nós mesmos, estão na sacada apreciando
nosso manifesto melancólico, no bloco: “
o que se há de fazer?! ou ainda " já estamos cansados!”Afinal, segundo eles, nós assim queremos ser: os bobos da corte.
Eu
já havia escrito sobre isto há cinco anos atrás, mas foi num blog experimental.
Hoje no que escrevo reconheço que encontro mais chão, mais fundamento. Quantas
razões, históricas, psicológicas, antropológicas, religiosas, quantos poderiam
hoje endossar este meu pensamento! Enfim, o que buscamos como cidadãos
brasileiros é o que devemos refletir: se apenas levantar bandeiras partidárias
por mais que elas sejam dignas disso ou de fato olharmos para o fato que A
SOCIEDADE SOMOS NÓS! Nós somos os agentes de mudança, nós somos os que emanam o
poder, conforme nossa Constituição Federal, poder de votar e poder para impedir
quem não é digno, de exercer cargos que nos representam não só no Brasil mas no mundo.
Temos ainda muito
a aprender em microescala, em família, no condomínio, na associação de
moradores, na nossa própria cidade, mas isso não pode ser pedra de impedimento
para que desastres políticos aconteçam diante dos nossos olhos sem uma reação
clara, não melancólica, não choramingada, não resignada, antes sim de modo
assertivo, reativo e corajoso. Não!! Seremos motivo de alegria para nossos
queridos e em especial às crianças que são nosso futuro, mas definitivamente,
não seremos mais sua diversão; é certo que jamais vamos perder a ternura, mas
já é preciso endurecer, pois agua mole em pedra dura...fura.
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