quinta-feira, 25 de abril de 2013

Parece óbvio. mas não é que...

          Parece óbvio mas não é que tropeçamos em coisas muito simples, falo sobre o stress; talvez pelo fato de que stress não se manifesta como dor como nós bem conhecemos, mas nosso organismo vai sentindo aos poucos as pressões e os limites que ultrapassamos, quanto à qualidade do nosso sono, com também na nossa alimentação e administração do tempo; isso se deve em muitos casos a um hábito por pressões, ou o hábito de sofrer. Todos nós devemos atender ao alarme que se liga quando estamos passando dos nossos limites físicos e psicológicos, pois nosso organismo é que sofre todas as pressões que temos no trabalho, na vida social e nas relações familiares. Quando este alarme toca, a isto chamamos sobrecarga ou stress, para isso precisamos ser compreensivos com nós mesmos e darmos ao nosso organismo a chance de se refazer. Precisamos sempre de um tempo para recuperar nossas forças com atividades que recuperem o bom humor, permitam uma boa noite de sono e uma alimentação sem ansiedade, nada melhor nestas ocasiões, de contato com a natureza, enfim, de algum modo desencanar disso que nos agride e afeta a qualidade de vida.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amor (III)


Autor /George Herbert (1593-1633)




O Amor me acolheu, mas minha alma retrocedeu,

culpada de pó e de pecado,

Mas clarividente, o Amor vendo-me hesitar,

desde o meu primeiro passo,

Aproximou-se de mim, com doçura perguntando-me

se alguma coisa me faltava;

“Um convidado” – respondi – “digno de estar aqui”.

O Amor disse: tu serás o convidado!

“Eu? Mau? Ingrato? Ah meu amado,

não posso olhar para ti”.

O Amor me tomou pela mão e, sorrindo, me respondeu:

“quem fez estes olhos senão eu?”

“ É verdade, Senhor,  mas eu os manchei;

Que a minha vergonha vá para onde merece!”

“ E não sabe, disse o Amor, quem foi que
assumiu a crítica sobre si?”

“Meu amado, agora servirei.”

‘É necessário que te sentes”, disse o Amor,
“ e saboreies a minha comida!".

Então sentei-,me  e comi.

 

 

 
 

terça-feira, 9 de abril de 2013

momentos de qualidade através da música.

 
 
Um dia me surpreendi quando fiz menção de colocar em meu aparelho de som, uma música tranquila, quando então uma grande amiga me disse: Ah Não faça isso! Eu não quero dormir! Eu entendo que em nosso ritmo de trabalho estamos com nossa adrenalina em seu maior estoque, e não consentimos que nossa velocidade de produção diminua, seja na atividade corporal ou mesmo Num esforço intelectual para realizar alguma atividade. O que me ocorre é pensarmos aqui que, se nosso corpo necessita de intervalos para relaxar, não apenas alguns momentos do dia mas especialmente à noite, nosso cérebro e todo seu conjunto de ações do Sistema Nervoso Central até mesmo as ações de cada lobo do cérebro, que tem a função de trazer um novo oxigênio ao seu funcionamento, este nosso cérebro também precisa de cuidados para que as tensões do dia arrefeçam e nos dê condições de momentos de um descanso de qualidade. A música surgiu na humanidade assim como a dança, nas primeiras civilizações, nas primeiras manifestações, sobretudo, religiosas. A música sinaliza uma linguagem especial que interpretamos como sendo a extensão do nosso falar e da nossa expressão não-verbal, pois tanto as dança quanto a musica, eram fortemente importantes para que tentássemos traduzir em nosso corpo o que era incompreensível e inalcançável. Ainda hoje, com a inclusão do uso da voz, expressamos vários sentimentos diferentes como: patriotismo, romance, algo cômico, ou para dar entender tragédia ou revolta, calma ou agitação, entre outros estímulos que conhecemos. Um bom teste para você é, separar uns momentos, cinco minutos que sejam, para apreciar uma tranquila música, como sugestão, indico: musicas instrumentais de percussão leve, de baixa velocidade, com efeitos de elementos da natureza presentes na sua composição, que inclua instrumentos acústicos, que nos remetam ao lugar da simplicidade e da calma de um belo lugar. Ao final de cinco minutos, faça uma honesta autoanalise das suas reações enquanto esta música tocava; itens como: 11-teu pensamento estava numa conta a pagar? 10-Ou numa discussão que viu no transito? 09-você procurou encontrar constantemente posições para se acomodar ao ouvir a música? 08-Ficou vigiando o relógio ou o contador o aparelho de som? 07-Se sentiu ridículo por fazer o teste? 06-A musica te deu sono? 05-A música te lembrou uma coisa boa? 04-A música te transportou no pensamento para um momento romântico? 03-A musica trouxe à lembrança momentos de infância? 02-A música abaixou teus batimentos cardíacos? 01-A musica te fez respirar melhor e mais pausadamente? Se ao ouvir a musica, você identificou os primeiros itens, não se desanime, pois este reconhecimento sinaliza não apenas a manifestação de comportamentos distintos, mas houve uma vontade emocional em conhecer e dar uma chance a si mesmo de obter momentos com qualidade, que com certeza vão dar a você uma outra percepção do ambiente em sua volta, pois o ritmo de vida que levamos nos condicionam a tomar todas as agressões aos nossos sentidos como sendo algo de que devemos nos adaptar, quais sejam, poluição visual, poluição sonora, poluição ambiental de convivência, particularmente ambientes de trabalho onde precisamos nos dedicar e focar em ações mecânicas e muitas vezes sem calor humano e a chance desse intervalo de qualidade. Um bom momento para você se dar este oásis é meia hora antes de dormir, sem aparelhos de tv ligados em noticiários, uma luz de penumbra, ler um bom livro, fazer suas orações, usar um suave perfume, alongar-se um pouco e, especialmente, uma boa música para o descanso do guerreiro e da guerreira.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A Fonte da Vaidade: O mito de Narciso

Narciso era filho do deus-rio Cephisus e da ninfa Liriope, e era um jovem de extrema beleza. Porém, à despeito da cobiça que despertava nas ninfas e donzelas, Narciso preferia viver só, pois não havia encontrado ninguém que julgasse merecedora do seu amor. E foi justamente este desprezo que devotava às jovens a sua perdição.

Pois havia uma bela ninfa, Eco, amante dos bosques e dos montes, companheira favorita de Diana em suas caçadas. Mas Eco tinha um grande defeito: falava demais, e tinha o costume de dar sempre a última palavra em qualquer conversa da qual participava.

Um dia Hera, desconfiada - com razão - que seu marido estava divertindo-se com as ninfas, saiu em sua procura. Eco usou sua conversa para entreter a deusa enquanto suas amigas ninfas se escondiam. Hera, percebendo a artimanha da ninfa, condenou-a a não mais poder falar uma só palavra por sua iniciativa, a não ser responder quando interpelada.

Assim a ninfa passeava por um bosque quando viu Narciso que perseguia a caça pela montanha. Como era belo o jovem, e como era forte a paixão que a assaltou! Seguiu-lhe os passos e quis dirigir-lhe a palavra, falar o quanto ela o queria... Mas não era possível - era preciso esperar que ele falasse primeiro para então responder-lhe. Distraída pelos seus pensamentos, não percebeu que o jovem dela se aproximara. Tentou se esconder rapidamente, mas Narciso ouviu o barulho e caminhou em sua direção:

- Há alguém aqui?
- Aqui! - respondeu Eco.

Narciso olhou em volta e não viu ninguém. Queria saber quem estava se escondendo dele, e quem era a dona daquela voz tão bonita.
- Vem - gritou.
- Vem! - respondeu Eco.
- Por que foges de mim?
- Por que foges de mim?
- Eu não fujo! Vem, vamos nos juntar!
- Juntar! - a donzela não podia conter sua felicidade ao correr em direção do amado que fizera tal convite.

Narciso, vendo a ninfa que corria em sua direção, gritou:
- Afasta-te! Prefiro morrer do que te deixar me possuir!
- Me possuir... - disse Eco.

Foi terrível o que se passou. Narciso fugiu, e a ninfa, envergonhada, correu para se esconder no recesso dos bosques. Daquele dia em diante, passou a viver nas cavernas e entre os rochedos das montanhas. Evitava o contato com os outros seres, e não se alimentava mais. Com o pesar, seu corpo foi definhando, até que suas carnes desapareceram completamente. Seus ossos se transformaram em rocha. Nada restou além da sua voz. Eco, porém, continua a responder a todos que a chamem, e conserva seu costume de dizer sempre a última palavra.

Não foi em vão o sofrimento da ninfa, pois do alto, do Olimpo, Nêmesis vira tudo o que se passou. Como punição, condenou Narciso a um triste fim, que não demorou muito a ocorrer.

Havia, não muito longe dali, uma fonte clara, de águas como prata. Os pastores não levavam para lá seu rebanho, nem cabras ou qualquer outro animal a freqüentava. Não era tampouco enfeada por folhas ou por galhos caídos de árvores. Era linda, cercada de uma relva viçosa, e abrigada do sol por rochedos que a cercavam. Ali chegou um dia Narciso, fatigado da caça, e sentindo muito calor e muita sede.

Narciso debruçou sobre a fonte para banhar-se e viu, surpreso, uma bela figura que o olhava de dentro da fonte. "Com certeza é algum espírito das águas que habita esta fonte. E como é belo!", disse, admirando os olhos brilhantes, os cabelos anelados como os de Apolo, o rosto oval e o pescoço de marfim do ser. Apaixonou-se pelo aspecto saudável e pela beleza daquele ser que, de dentro da fonte, retribuía o seu olhar.

Não podia mais se conter. Baixou o rosto para beijar o ser, e enfiou os braços na fonte para abraça-lo. Porém, ao contato de seus braços com a água da fonte, o ser sumiu para voltar depois de alguns instantes, tão belo quanto antes.

- Porque me desprezas, bela criatura? E por que foges ao meu contato? Meu rosto não deve causar-te repulsa, pois as ninfas me amam, e tu mesmo não me olhas com indiferença. Quando sorrio, também tu sorris, e responde com acenos aos meus acenos. Mas quando estendo os braços, fazes o mesmo para então sumires ao meu contato.

Suas lágrimas caíram na água, turvando a imagem. E, ao vê-la partir, Narciso exclamou:

- Fica, peço-te, fica! Se não posso tocar-te, deixe-me pelo menos admirar-te.

Assim Narciso ficou por dias a admirar sua própria imagem na fonte, esquecido de alimento e de água, seu corpo definhando. As cores e o vigor deixaram seu corpo, e quando ele gritava "Ai, ai", Eco respondia com as mesmas palavras. Assim o jovem morreu.

As ninfas choraram seu triste destino. Prepararam uma pira funerária e teriam cremado seu corpo se o tivessem encontrado. No lugar onde faleceu, entretanto, as ninfas encontraram apenas uma flor roxa, rodeada de folhas brancas. E, em memória do jovem Narciso, aquela flor passou a ser conhecida pelo seu nome.

Dizem ainda, que quando a sombra de Narciso atravessou o rio Estige, em direção ao Hades, ela debruçou-se sobre suas águas para contemplar sua figura.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Megalomania na vida política

 
Nas relações políticas em nosso país, a proposta do sistema democrático é que, uma vez dado ao cidadão escolher seus representantes na prefeitura, no governo estadual , no Congresso Nacional ou Senado,  presume-se que quem se candidata está ciente da sua responsabilidade de representar o povo legitimamente; não há uma interpretação à parte quanto a esta máxima; entende-se a gestão da coisa pública e do erário público como a missão daquele que se coloca como representante do povo. É no mínimo bizarro que, não raro, personalidades da vida política transformam-se frente a este suposto portal que os transporta a uma  outra realidade, em que o sofrimento humano, as injustiças e as necessidades primordiais , vazam em num buraco negro e não são mais reconhecidos como reais, mas tão somente a presença das necessidades  fundamentais dos partidos políticos, dos seus  interesses sempre complexos e enigmáticos à compreensão do cidadão comum.  

Certo dia um grande amigo me contou da sua amarga experiência em seu mandato com vereador de uma cidade próxima; assim que empossado, se viu com as mãos completamente atadas, tendo apenas que se sujeitar aos procedimentos escusos nas salas privativas e, esperar que por  piedade,  um mínimo de recursos fosse  para estruturar a vida comunitária de um bairro, uma vez que as coligações dos grandes partidos já tinham seus planos e prioridades.

O  que dizer de reuniões completamente tendenciosas que decidem pessoas  que são declaradamente megalomaníacos em suas posições, atitudes, como que se tivessem tomando posse de um bem pessoal, um cargo que seria  para prestar serviço ao povo. Como lidar com isso sem  um embrulhar de estomago; o angustiante é o silêncio, é a sensação de que toda essa grandeza exacerbada é tratada como uma injeção, daquela que tomamos contra nossa vontade, cabendo a nós esperar o efeito passar e nos habituarmos a cada dia que passa, a esta psicopatologia  da vida política.

Acorde, isso não é um pesadelo! É real e doloroso! Mas é no nosso mundo real onde refletimos as ambiguidades, os desmandos e as incoerências da vida política. Sempre insisto que a cidadania começa em nossa casa; isso não exclui que tudo do que já está posto pode ser revisto, reformulado, abolido e renovado, ainda mais quando a vida politica de um povo beira aos delírios e às inconcebíveis patologias que tanto fazem sofrer um país inteiro.