quarta-feira, 27 de março de 2013

Na fronteira entre a Indignação e o Nariz de palhaço



Vejo constantemente nas redes sociais postagens relacionadas a fatos na vida politica brasileira, tendo supostamente a finalidade de denunciar, reprovar ou apenas posicionar-se sobre tal assunto. Exemplos últimos, tais como a presidência da Comissão de Direitos Humanos, a presidência do Senado, outros cargos importantes no governo ocupados por políticos de passado questionável, entre outros fatos semelhantes. O que me causa espécie, parafraseando o Sr. Ministro do Supremo Tribunal Federal, é que, já faz alguns anos que noto nas formas de expressão daquele que se revolta, uma forma de desabafo do tipo “haja paciência!”, isso por parte até mesmo de grandes jornalistas pela TV e jornais, que assim concluem seus comentários sobre desmandos e falcatruas nos seguimentos dos governos.
                Para que fique ilustrado de forma, vamos ao que me é mais visível e a mais popularizada forma de protesto dos últimos dez anos: o nariz de palhaço. Quem criou esta metáfora? Pergunto; o povo? Fica em aberto para respostas, mas é nítida a aceitação deste acessório que faz arte de uma digna e bela profissão, pessoas que tem vocação para trazer alegria a todas as idades. Hoje estes mesmos profissionais são cidadãos trabalhadores, ainda que a profissão os levem a maquiar-se, no entanto seu objetivo enquanto carreira é visível: Trazer alegria e entretenimento; estes mesmos são muitas vezes injustiçados, sacrificados, porque são como cada um de nós que também pagam seus impostos e com  mesmo direito à liberdade de expressão como qualquer outro cidadão brasileiro. Entretanto, o uso desse acessório engraçado, por manifestantes mediante situações de protesto, dão uma conotação totalmente contrária ao uso daquele objeto, dando à figura do palhaço seu lado injusto e melancólico, de alguém com vocação para o ridículo e para o despejo dos escárnios dos nossos representantes na vida política.
 

                Cabe aqui uma reflexão, se nestes manifestos, o que se propõe, afinal? Posicionar-se radicalmente contra as ações de um político consideradas impróprias para um legislador ou autoridade municipal, estadual ou federal, ou mesmo parlamentares no Congresso Nacional ou no Senado, buscando ações claras de efetivo repúdio a estes representantes ou, apenas justificar as ações dos mesmos com um sentimento de autocomiseração, covardia, descaso, omissão velada, que me perdoem até inveja mesmo  se não mesmo, um apoio incondicional a todos estes que desonram nosso país, assim mesmo),  como bobos da corte, nós como palhaços estamos alegrando a  festa deles; desfilamos com nossos narizes de palhaço enquanto eles afirmam que estão agindo democraticamente, com o mesmo cinismo, perversidade e uma assumida megalomania de poder, quando estão à frente de um cargo público. Estes que agora nos envergonham na investidura dos seus cargos querem ver e ouvir nossos shows e pantomimas, os senhores feudais, aliás colocados por nós mesmos, estão na sacada apreciando nosso manifesto melancólico, no bloco:  “ o  que se há de fazer?! ou ainda " já estamos cansados!”Afinal, segundo eles, nós assim queremos ser: os bobos da corte.
                Eu já havia escrito sobre isto há cinco anos atrás, mas foi num blog experimental. Hoje no que escrevo reconheço que encontro mais chão, mais fundamento. Quantas razões, históricas, psicológicas, antropológicas, religiosas, quantos poderiam hoje endossar este meu pensamento! Enfim, o que buscamos como cidadãos brasileiros é o que devemos refletir: se apenas levantar bandeiras partidárias por mais que elas sejam dignas disso ou de fato olharmos para o fato que A SOCIEDADE SOMOS NÓS! Nós somos os agentes de mudança, nós somos os que emanam o poder, conforme nossa Constituição Federal, poder de votar e poder para impedir quem não é digno, de exercer cargos que nos representam  não só no Brasil mas no mundo.
 
          Temos ainda muito a aprender em microescala, em família, no condomínio, na associação de moradores, na nossa própria cidade, mas isso não pode ser pedra de impedimento para que desastres políticos aconteçam diante dos nossos olhos sem uma reação clara, não melancólica, não choramingada, não resignada, antes sim de modo assertivo, reativo e corajoso. Não!! Seremos motivo de alegria para nossos queridos e em especial às crianças que são nosso futuro, mas definitivamente, não seremos mais sua diversão; é certo que jamais vamos perder a ternura, mas já é preciso endurecer, pois agua mole em pedra dura...fura.

terça-feira, 26 de março de 2013

Ladies and gentlemans, Sir Ian Murray McKellen!


Você conhece este homem? Chama-se Ian Murray McKellen, um distinto cidadão inglês, que aparece aqui modestamente com uma mensagem para você. Então nos lembramos que seria mais um cidadão , não fosse seu grande sucesso como ator e protagonista na Trilogia O Senhor dos Aneis. O que podemos entender com sua mensagem? Penso em dois caminhos: um é o da superação, mesmo diante do conprovado talento e ao marketing de hollyood, , ele alcança sucesso nas bilheterias com seu carisma e sua performance como ator. A mensagem em princíppio tem um quê de exibicionismo que aponta porém para ou outra forma de interpretar o que está escrito: Supere isto! Estamos com um avanço acelerado do numero de idosos em nossas cidades, isso é na verdade um fenomeno mundial, em razão do final da era baby boom, casais sem filhos, avanço dos recursos da medicina, politização, uma série de avanços que em muito favorecem o aumento da expectativa de vida, que no Brasil , é de 72 anos. O mercado de consumo está com olhos ávidos a estes novos adultos neste segundo momento, oferecendo um leque de objetos de desejo, tais como um corpo invejável, pacotes de viagens a preços atraentes, universidades e alternativas para tratamentos de saude. É possivel que haja forte procura por um novo estereótipo, do idoso saradão, pronto para noitadas e atraente como há 40 anos atrás. A mensagem ao meu ver, convida a este idoso a que supere estes esterótipos e descubra o prazer de viver não para os outros mas amando a si mesmo, apreciando sua história, vendo-se com prazer, não necessariamente voltado para a imagem do idoso ideal, mas do idoso que se vê inteiro, completo, sem emendas nem acessórios que o façam se sentir aceito, mas antes de tudo feliz consigo mesmo e com o mundo em sua volta, superando o Gandalph, o homem da sua fantasia, e celebrar o homem comum mas completo e feliz consigo mesmo.
 
 
 

sexta-feira, 15 de março de 2013

Umbigo!



UMBIGO

Algo está faltando no ar, cheiro de mato, cidreira e jasmim,

E eu aqui me pergunto : Até quando vou continuar fugindo de mim?

Ultimamente nem olho em volta, vida que passa e tempo que voa,

Quantos sorrisos que finjo não ver, quantos  abraços deixados à toa.

 

No meu exílio me farto de pena de tudo que nunca deu certo pra mim,

E eu aqui me pergunto:  Até quando  vou aguentar essa fase ruim?

fico aqui, não arredo meus pés, sem que em primeiro eu seja ouvido

Até que eu possa me certificar que nada está totalmente perdido.

 

Tenho saudade de muitos momentos em que nada levava assim tão a sério,

Quantas piadas deixei de contar, quantas surpresas viraram mistério.

Volte correndo, vem me socorrer, hoje prometo que não fujo mais,

Mesmo que seja preciso morrer, eu vou ser gente conforme os demais.

 

Dizem que eu tenho o rei na barriga, que eu só olho pro próprio umbigo,

Dizem que sou egoísmo ambulante, mas para todos apenas eu digo:

Não vivo só como pensam vocês, tenho um excelente amigo,

Sim eu me amo e como eu me amo, quero ficar para sempre comigo!
 
 
Carlos Alberto Machado Gomes

segunda-feira, 4 de março de 2013

Jardim fechado







Jardim Fechado

Vou cuidar de mim, do meu interior, 
hoje em meu jardim só entra o meu amor
Quero meu silencio com perfume e cor,
e o maior ruído ser de um beija-flor.

Écos do passado, bosque abandonado, 
hoje um belo ramo floresceu
Quero preservar o meu jardim fechado 
e cuidar do que é somente meu.
Não negar as perdas nem desilusões, 
nem por isso quero me negar,
Preservar também os outros corações 
que tem o direito de amar.
Vou me respeitar,
Vou me perdoar,
vou me encontrar,
eu vou me amar!
Vou cuidar de mim, do meu interior,
Hoje em meu jardim só entra o meu amor!
Quem souber cuidar do jardim que não é seu,

Quem souber me amar, tanto tanto quanto eu.

Carlos Alberto Machado Gomes

sábado, 2 de março de 2013

COMO UM CARRO DESMONTADO...



          Muitas  pessoas  tem pensamentos dos mais criativos e mitológicos quanto a um atendimento psicológico, alguns se sentem até mesmo ofendidos, como se estivessem sendo comparados a algum louco, além do que , quem são os loucos?... bom... isso é um outro assunto; o que quero dizer aqui é das grande possibilidades de resgate da confiança em si mesmo, da segurança, de um real otimismo, quando podem encontrar na psicoterapia, uma grande aliada na sua organização pessoal, intima , familiar, social e espiritual.
          Nos atendimentos que prestei no consultório psicológico, em muitos casos, a sensação que muitos expressam nas sessões  é de uma coisa sem forma, caótica, descomunal, ensurdecedora, que na realidade está oprimindo e achatando as emoções e o organismo daquele paciente. No entanto, a possibilidade de  encontrar  um porto, uma âncora, um suporte eficaz  torna-se maior quando o que ouve, tem um olhar sem juízo de valor ou preconceito; mesmo que as ambiguidades surjam, o terapeuta tem consciência de que está diante dele uma pessoa com um sofrimento.
           Nesses encontros, o terapeuta percorre com o paciente essa mesma estrada, ajudando este a descobrir as grandes pedras que estão no caminho, até que este tenha a chance de se dar conta e dar conta do tamanho real daquilo que era intransponível, e então resolver o que fazer desse gigante indesejável, assim como representa essa  figura no início do texto, um carro com seis meses de uso, que foi alagado numa enchente, que passa por uma remontagem, quando nada está no lugar, mas que com ajuda profissional, voltou as estradas, com nova  fiação  e novo espaço interno e um motor pronto para a estrada, este carro foi até mesmo livre de um problema elétrico que veio de  fábrica, ou seja, depois da remontagem ficou melhor do que no dia que foi retirado da agência.          
          O propósito do trabalho de um psicoterapeuta é o de ensejar a possibilidade de melhor qualidade vida, fazendo com que cada pessoa se reconheça, localize e dê forma ao que constitui o seu sofrimento e a partir daí, possa encontrar os meios de lidar com sua realidade, dando a si mesmo a chance de encontrar os melhores caminhos para continuar em sua  viagem, agora com uma nova forma de ver a si mesmo e o mundo.