terça-feira, 7 de agosto de 2012

A tão falada Zona de conforto, meu novo olhar



Hoje no discurso pragmático diário há um apelo pela mobilidade a todo custo; é claro que este apelo não é assim explícito, mas como tantos de nós hoje nos tornamos  reféns  da cobrança das relações de mercado,  partindo das crenças mais pueris até as propostas mais agressivas, com este paradigma, um bom sujeito é o sujeito da produção. Em razão deste apelo, os cursos e treinamentos para funcionários de uma empresa, vendedores, representantes comerciais, praticamente milhões são catequizados, preparados para serem os mais agressivos vendedores de uma ideia, passando primeiramente pela grande moenda da negação de suas mais autenticas aspirações, porque agora, para todos os casos, nada mais é importante que a produção, o status social, e em nome disso, vale a pena deixar de lado o que para eles é meramente piegas, antiquado, coisas como os sentimentos, os valores morais, a ética e tudo o mais que promove e valoriza o ser humano; isso me faz lembrar a doce sátira de Charles Chaplin em Tempos Modernos, ele realmente tinha um olhar bem avançado para sua época. Enfim, isso do qual todos devem fugir, esta fatídica zona de  conforto, até que ponto é algo de que todos devem fugir? Por que eu não devo me sentir seguro em lugar algum? Isso não é tendencioso?! Pois me parece que hoje temos a cobertura dos seguros, os cintos de segurança, um bom “padrinho” e oportunos trampolins dos mais variados estilos, para que estejamos envolvidos e protegidos pelas relações de poder.

Eu sou aposentado, ainda trabalho, mas digo abertamente que eu cumpri uma carreira de trabalho, no qual me orgulho muito, fiquei longe de minha família, quase fiquei paraplégico em serviço, comi e dormi mal muitas vezes e agora alguém vem e me diz que eu tenho que sair da zona de conforto? Eu sei ainda o quanto posso contribuir no meio em que vivo, mas vamos combinar... eu conquistei meu momento, em que tudo que faço não é mais em nome da sobrevivência, tampouco em nome do capital, se me derem licença, deixe-me dizer, adoro este lugar no qual desfruto de todo bem devido ao esforço que já fiz, ainda trabalho, com certeza, mas com muito menos stress e muito mais atenção à minha saúde emocional e física e uma melhor qualidade de vida para mim e os que me cercam; não quero que os que me cercam tenham que tolerar o bagaço de mim, mas hoje , mais do que nunca, o melhor de mim, eu hoje mais amadurecido, mais consciente, calejado sim mas por isso mesmo relevando a inexperiência dos mais novos.

Com certeza você não verá anúncios de emprego pedindo por empregados que estejam na sua zona de conforto, por isso mesmo, hoje eu dou as cartas, pois eu quero a todo custo, não ser visto como uma pilha gasta como mostra o enredo de Matrix, o que para muitos tem sido uma verdadeira mutilação emocional por uma boa posição social ou um bom salário, para mim é o reforço do meu valor como pessoa, enaltecer este novo tempo em que eu estou e você também vai estar.

Espero sinceramente que quando chegar sua vez, tenha a felicidade de desfrutar da compensação de um tempo de lutas e desgaste; sim, você um dia vai chegar onde eu estou, desejo sinceramente a todos que aproveitem bem  sua juventude para que quando você se sentir mais lento e com alguns limites naturais, não se sintam obrigados a engolir o mito do eternamente jovem, e que possam ter a satisfação se sentirem livres de toda pressão pela produção, pois, cabe bem a frase, “a fila anda!”, agora é minha  vez de fazer do meu trabalho algo mais do que nunca inteiramente prazeroso, o que tranquilamente chamaria minha exclusiva e justa zona de conforto. Você pode não concordar, eu até entendo, mas te pergunto: se você não está na zona de conforto, onde você descansa? Onde você respira? Onde você repõe suas forças? Onde? Onde?

Um comentário:

  1. Como eu te compreendo!!! Faço minhas as tuas palavras. Que bom é chegar à nossa idade( ei velhinhosss...) e poder dizer tudo isso. É quase como: cheguei, vi e venci e estou aqui ainda para dar MUITAS CARTAS...Bjs

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