Hoje no discurso pragmático
diário há um apelo pela mobilidade a todo custo; é claro que este apelo não é assim
explícito, mas como tantos de nós hoje nos tornamos reféns
da cobrança das relações de mercado,
partindo das crenças mais pueris até as propostas mais agressivas, com
este paradigma, um bom sujeito é o sujeito da produção. Em razão deste apelo,
os cursos e treinamentos para funcionários de uma empresa, vendedores, representantes
comerciais, praticamente milhões são catequizados,
preparados para serem os mais agressivos vendedores de uma ideia, passando
primeiramente pela grande moenda da negação de suas mais autenticas aspirações,
porque agora, para todos os casos, nada mais é importante que a produção, o status social, e em nome disso, vale a
pena deixar de lado o que para eles é meramente piegas, antiquado, coisas como
os sentimentos, os valores morais, a ética e tudo o mais que promove e valoriza
o ser humano; isso me faz lembrar a doce sátira de Charles Chaplin em Tempos
Modernos, ele realmente tinha um olhar bem avançado para sua época. Enfim, isso
do qual todos devem fugir, esta fatídica zona de conforto, até que ponto é algo de que todos
devem fugir? Por que eu não devo me sentir seguro em lugar algum? Isso não é
tendencioso?! Pois me parece que hoje temos a cobertura dos seguros, os cintos
de segurança, um bom “padrinho” e oportunos trampolins dos mais variados
estilos, para que estejamos envolvidos e protegidos pelas relações de poder.
Eu sou aposentado, ainda
trabalho, mas digo abertamente que eu cumpri uma carreira de trabalho, no qual me
orgulho muito, fiquei longe de minha família, quase fiquei paraplégico em
serviço, comi e dormi mal muitas vezes e agora alguém vem e me diz que eu tenho
que sair da zona de conforto? Eu sei ainda o quanto posso contribuir no meio em
que vivo, mas vamos combinar... eu conquistei meu momento, em que tudo que faço
não é mais em nome da sobrevivência, tampouco em nome do capital, se me derem
licença, deixe-me dizer, adoro este lugar no qual desfruto de todo bem devido
ao esforço que já fiz, ainda trabalho, com certeza, mas com muito menos stress
e muito mais atenção à minha saúde emocional e física e uma melhor qualidade de
vida para mim e os que me cercam; não quero que os que me cercam tenham que
tolerar o bagaço de mim, mas hoje , mais do que nunca, o melhor de mim, eu hoje
mais amadurecido, mais consciente, calejado sim mas por isso mesmo relevando a inexperiência
dos mais novos.
Com certeza você não verá anúncios
de emprego pedindo por empregados que estejam na sua zona de conforto, por isso
mesmo, hoje eu dou as cartas, pois eu quero a todo custo, não ser visto como uma
pilha gasta como mostra o enredo de Matrix, o que para muitos tem sido uma
verdadeira mutilação emocional por uma boa posição social ou um bom salário,
para mim é o reforço do meu valor como pessoa, enaltecer este novo tempo em que
eu estou e você também vai estar.
Espero sinceramente que quando
chegar sua vez, tenha a felicidade de desfrutar da compensação de um tempo de
lutas e desgaste; sim, você um dia vai chegar onde eu estou, desejo
sinceramente a todos que aproveitem bem sua juventude para que quando você se sentir
mais lento e com alguns limites naturais, não se sintam obrigados a engolir o
mito do eternamente jovem, e que possam ter a satisfação se sentirem livres de
toda pressão pela produção, pois, cabe bem a frase, “a fila anda!”, agora é
minha vez de fazer do meu trabalho algo
mais do que nunca inteiramente prazeroso, o que tranquilamente chamaria minha exclusiva
e justa zona de conforto. Você pode não concordar, eu até entendo, mas te
pergunto: se você não está na zona de conforto, onde você descansa? Onde você respira?
Onde você repõe suas forças? Onde? Onde?
Como eu te compreendo!!! Faço minhas as tuas palavras. Que bom é chegar à nossa idade( ei velhinhosss...) e poder dizer tudo isso. É quase como: cheguei, vi e venci e estou aqui ainda para dar MUITAS CARTAS...Bjs
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