Eu me lembro quando era bem moleque, uns onze anos de idade, tinha uma enorme fascinação por cartas; tive a felicidade de ainda ter um belo belo ensino fundamental, naquela época se chamava curso primário; já na segunda série, tão logo fui alfabetizado, já comecei a aprender redação, descrição e cartas, nas aulas de Portugues, escrevo assim em maiúsculo, com orgulho.
Eu me recordo bem quando começou minha tara por escrever cartas; começou ao ler a revista Bem-te-vi, distribuido pela Igreja Metodista, para pre-adolescentes. Na página final da revista havia uma página que se chama Cantinho da Amizade e lá quem quizesse conhecer novos amigos, era só contactar por cartas; lá estavam todos os dados dos candidatos, endereço, cor dos olhos, cabelos e até pratos e passatempos preferidos, nada de fotos ou efeitos coloridos como vemos hoje nas redes sociais, nada contra. Eu me animei e fiz meu nome aparecer para todo Brasil, meu nome na Bem-te-vi. Em pouco tempo estava ficando muito popular, na minha caixa de correios eu recebia uma a duas cartas por semana e naturalmente eram só de candidatas a amigas. Algumas delas eram de muito longe mas uma delas tive a alegria de conhecer pessoalmente, alguns anos depois, o nome dela era Helen e morava em Petrópolis. Pensem o que for mas eu tambem tive uma adolescencia muito interessante e cativante.
Penso agora, o que representam os e-mails; com toda a tecnologia e facilidades de representação com criativos e-motions e fotos anexas com alguns cliques; entro numa rede social e vejo quanta carência existe de se estar junto, e, no pior dos casos, uma conversa meia-boca on-line, altamente ansiolítica e angustiante pois é necessário plena certeza de quem está do outro lado da linha; algumas pessoas que vejo on-line; hoje prefiro me colocar em off pois algumas delas parecem querer me convidar para passear na cratera do vulcão, pois querem resolver coisas que só se resolveriam com afeto e convivência e não esta pobre forma de "falar" se posso assim dizer.
Amigos, tudo aqui são palavras, que podem e devem ser confirmadas através da amizade real, do conhecimento do carater, da identificação dos ideais comuns e até mesmo se conhecer as diferenças.
Parto em defesa do mundo real que, apesar das relações às vezes serem tão pesadas, mas sempre nos dando a segurança onde estamos pisando, mesmo que lá na frente a gente perceba que aquele relacionamento não é tão bom. Ah os emails e scrapps, tão descompromissados com nosso eu real, em especial, o que nos oferece a mamãe Cyber, e nosso papai Provedor; em muitos casos podemos colocar lá tudo que um dia gostariamos de ser ou de ter, mal sabendo que de volta, teríamos uma relação completamente digital, sem letra própria, sem perfume, sem esforço de ir aos correios, sem procurar o melhor cartão, sem receber o abraço feliz no encontro real...amigos, acho melhor cuidar da minha vida enquanto ela tem ainda algo do meu tempo; sinto muito mesmo! sinto muito pelos mais novos, sinto mesmo!
Hoje eu quero ainda relações reais, ao vivo e a cores, com cheiro e suor, com sinceridades escancaradas, com sorriso em tempo real, no primeiro microssegundo, coisa que uma net veloz não pode produzir, aquele sorriso que noto ao primeiro estímulo do meu olhar. Amigos mais novos, sinto muito mesmo! que mundo frio estamos vivendo, a net tem sido para muitos um cobertor que não aquece nunca, mas não quero tirar a alegria de voces, afinal, sou eu quem não entende essa nova geração, mas sinceramente, não sabia que minha ignorancia no fundo me faria tanto bem, tão feliz e consolado! Desejo a voces todos belas postagens, mas não muito tardiamente, tentem emcontrar os amigos sempre, fora do seu monitor, curtam-se, abracem-se, tenham até diferenças de opinião, mas vivam felizes de verdade!!
Espero que tenham gostado do Psicobeleza!
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