Amigos, Amigos! assim começo. Nas nossas relações sociais, possivelmente esta é a razão pela qual as pessoas atualmente tendem a proteger-se, até mesmo de uma experiência a qual nunca tiveram mas, por conta de relatos e exemplos de situações próximas, intuem que não se pode "dar linha"( como se dizia na minha infância) aos relacionamentos que segundo eles, está prestes a ganhar envolvimento de grande magnitude. Entendo os conceitos propostos de Wilhelm Reich sobre o lidar com o nosso ser corporal, dado ao que ele denomina de "couraças", uma ação defensiva do emocional humano frente a angustia e intervenções ao seu modus operandi, termo muito popularizado, melhor dizendo, interferindo na vida do indivíduo em seu lidar afetivo. Contudo, acredito que, por conta de inúmeros casos em que, tomado por um estado de ansiedade em que, criam-se expectativas, cobranças próprias, sentimento de menos-valia, sejam destes os mais frequentes, a razão pela qual o indivíduo tenta sustentar uma suposta realidade, na qual ele pode alcançar todos os seus desejos, ainda que a própria realidade indevidamente passa a ser vista como o lado escuro da força, que tenta a todo custo impedir os sonhos de um indivíduo. Enfim, para que todo esse palavrório quando em resumo poderíamos resumir em poucas palavras, uma saudade insustentável, a sustentação de um ideal de fazer um link dos seus devaneios à realidade.
Não raro surge nas relações sociais, episódios de vínculos mais fortes em que, por uma questão de coerência e bom senso, alguns relacionamentos de forma muito dolorosas são forçosamente renunciados, em nome de uma realização pessoal e bem comum em nossa sociedade, coisas como mudar-se de estabelecimento escolar, de uma cidade para outra, por conta da mudança decidida pelos pais, ou por motivo oportunidades no mercado de trabalho ou cursos que dependem de uma dedicação excepcional.
Se este é o seu caso, quem sabe, já há muitos nos, em que, para superar ou substituir a melancolia de um tempo passado que não mais retorna, fique por conta de uma crença de que, de alguma forma nada se perde, à medida em que, com o passar do tempo, cada um de nossos amigos vão tocando cada um suas vidas, com suas experiências pessoais e afetivas, mas que, na verdade, para aquele que sustenta uma amizade eterna imaginária, passe pela experiência poetizada na letra magistral de Paulinho da Viola em sua canção Sinal Fechado. (Vejam no youtube, vale a pena ver o poeta Paulino e sua viola.)
Nas nossas experiências nas relações sociais, torna-se necessário tomarmos como princípio que nenhum dos nossos amigos podemos dar o poder de eternizar este status social, mas isso significa, por outro lado, que a amizade, em vez de pessoalizada, pode ser transferível a todos que passam, no decorrer da vida, a preencher aqueles requisitos primordiais de cordialidade, afetividade, bom humor e empatia, fazendo com que, seja qual for o momento da vida e independente do lugar para onde formos, o amigo é um ícone de esperança, serenidade, força e união, cuja experiência de reencontro pode ser resgatada, vivida e sustentada.
Embora venha ficar no ar um gosto de substitutividade, é de fato, assim quem na verdade somos, pessoas que, de posse de uma reserva de força interior, conforme explica Carl Rogers em sua tendência atualizante, é a forma pela qual conseguimos tocar a vida com positividade, coerência e graciosidade.
Encerro por hora aqui, enviando um longo e grande abraço a todos aqueles amigos que tive de deixar geograficamente mas que, no meu sentimento, ainda estão e sempre estarão vivos, haja vista a esperança constante de vê-los quando eu menos esperar.
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