O
Termo “sujeito” é conhecido no estudo da Língua Portuguesa para
definir aquele que é um dos termos essenciais da oração em Análise
Sintática, ainda que popularmente é um termo que indica qualquer
indivíduo em qualquer condição ou grupo social ao qual ele
pertence. Como aqui eu não tenho a pretensão de fazer alguma
palestra sobre este termo, apenas gostaria de colocar dois pontos que
me tem me instigado ultimamente.
Quando
eu era bem jovem na minha terra natal, eu ouvia muito este termo para
se referir simplesmente a algum indivíduo atribuindo-lhe algum
adjetivo, comentários como: fulano é um bom sujeito, um sujeito
“boa praça” (gente boa), ou o inverso: aquele sujeito não
presta pra nada, ou com reforço, ô sujeitinho besta! E assim fui
ouvindo e assimilando este termo por longos anos.
Como
já disse, não pretendo abrir uma tese sobre uma única palavra com
essa variedade de aplicações em nossa língua, mas me restrinjo
aqui ao sujeito como sinônimo de cativo, domado, dominado, dócil,
escravizado, obediente, subjugado, submisso.
Ainda
que no discurso da liberdade de expressão, da autonomia dos
indivíduos, dos apelos do capital, que nos oferece uma forma
interagir em especial com o mundo globalizado, somos na verdade
sujeitos a um sistema de regras que envolvem uma submissão à
tirania da beleza, da performance, do acumulo de bens ou mesmo uma
sujeição a um estilo de vida que nos nomeia como indivíduos
categorizados por classes.
Por
isso, a melhor maneira de compreendermos a que mundo pertencemos, é
reconhecendo que, independente de grau de instrução, de condição
social, de gênero ou raça ou capacidade de realização; vivemos
numa mesma aldeia, em que, nos reconhecendo nelas, é meio caminho
andado para que nas relações com nosso semelhante sejamos livres do
cruel delírio que é o de sermos melhores que o outro. Pode parecer
uma filosofia de boteco tudo isso mas, quando mais cedo nos damos
conta da inegável realidade de que precisamos uns dos outros,
teremos uma vida mais serena e encontraremos mais facilidade em
relevar quando ficamos frustrados pela conduta de alguém, como
também será fácil nos colocarmos em lugar do outro quando somos
induzidos a julgar as questões alheias. Portanto, ser sujeito é ser
humano.
Um
imenso abraço a todos.