terça-feira, 21 de agosto de 2012

Abaixo a autocomiseração!


BOICOTE
( ou: Procura-se um opressor)

Por onde tu andas
Sedento de lagrimas,
Que das minhas lástimas
Te supres, te  agigantas,
Que faz de troféu
Cada luto que curto,
Cada mau, cada fel,
Cada dor, cada surto?

Vem e dá uma  forma,
 E até certa beleza
E possa justificar
Toda minha  tristeza!

procuro sem sono

quem seja o culpado

ou o responsável

em minha defesa.

Quem sabe com sua ajuda,
Eu dê cabo da minha  alegria,
Me  faça adiar o momento
Do despontar do dia.



de:
Carlos Alberto Machado Gomes
20/agosto/2012

Enquanto vivo

Por quê não páras relógio?
pergunta a antiga canção!
Por que as horas passam tão rápido?
Por quê tanto me inquieta a ideia
de que tudo posso ter?
 na verdade sei que esse tudo não existe
mas me divirto na fantasia de que tudo posso,
guardo comigo a mais dura realidade,
mas que também é algo que me consola,
pois é preferivel a dor da realidade
à mentira da ilusão.
Então procuro ver o mundo
em seu melhor ângulo e,
do que já está posto,
procurar melhorar,
sem essa neurose
de querer consertar
o que não tem conserto,
ou seja, tudo aquilo que já passou.
O melhor que posso granjear
de tudo que passei,
é aceitar de bom grado
o que me tornei, sobretudo,
quando acima de tudo
se quer viver.
Então, relógio,
vamos ser amigos!
Tempo, Tempo,
 entra na musica de minha vida
com suas belas surpresas,
e eu, de improviso, canto a refrão,
e se necessário for, volto à introdução,
começo de novo minha aventura,
louco por este amor que por ti tenho,
Vida!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

UMA FOLGA PARA MIM!



MINHA DOCE NEUROSE

 

 Eu queria ser poeta

ocupar-me em pensamentos,

mergulhando em mim mesmo,

qual seria a forma certa?

 

Então descobri,

que no meio de tantas ausencias,

perdi a chance de versar,

e atingir as consciencias,

 

descobri que não preciso

dar tanta importancia à rima,

pois a vida em todo tempo

é minha matéria prima

 

hoje emfim reconheço

que a vida é que está certa,

quando mais mergulho nela,

mais me torno um poeta!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A tão falada Zona de conforto, meu novo olhar



Hoje no discurso pragmático diário há um apelo pela mobilidade a todo custo; é claro que este apelo não é assim explícito, mas como tantos de nós hoje nos tornamos  reféns  da cobrança das relações de mercado,  partindo das crenças mais pueris até as propostas mais agressivas, com este paradigma, um bom sujeito é o sujeito da produção. Em razão deste apelo, os cursos e treinamentos para funcionários de uma empresa, vendedores, representantes comerciais, praticamente milhões são catequizados, preparados para serem os mais agressivos vendedores de uma ideia, passando primeiramente pela grande moenda da negação de suas mais autenticas aspirações, porque agora, para todos os casos, nada mais é importante que a produção, o status social, e em nome disso, vale a pena deixar de lado o que para eles é meramente piegas, antiquado, coisas como os sentimentos, os valores morais, a ética e tudo o mais que promove e valoriza o ser humano; isso me faz lembrar a doce sátira de Charles Chaplin em Tempos Modernos, ele realmente tinha um olhar bem avançado para sua época. Enfim, isso do qual todos devem fugir, esta fatídica zona de  conforto, até que ponto é algo de que todos devem fugir? Por que eu não devo me sentir seguro em lugar algum? Isso não é tendencioso?! Pois me parece que hoje temos a cobertura dos seguros, os cintos de segurança, um bom “padrinho” e oportunos trampolins dos mais variados estilos, para que estejamos envolvidos e protegidos pelas relações de poder.

Eu sou aposentado, ainda trabalho, mas digo abertamente que eu cumpri uma carreira de trabalho, no qual me orgulho muito, fiquei longe de minha família, quase fiquei paraplégico em serviço, comi e dormi mal muitas vezes e agora alguém vem e me diz que eu tenho que sair da zona de conforto? Eu sei ainda o quanto posso contribuir no meio em que vivo, mas vamos combinar... eu conquistei meu momento, em que tudo que faço não é mais em nome da sobrevivência, tampouco em nome do capital, se me derem licença, deixe-me dizer, adoro este lugar no qual desfruto de todo bem devido ao esforço que já fiz, ainda trabalho, com certeza, mas com muito menos stress e muito mais atenção à minha saúde emocional e física e uma melhor qualidade de vida para mim e os que me cercam; não quero que os que me cercam tenham que tolerar o bagaço de mim, mas hoje , mais do que nunca, o melhor de mim, eu hoje mais amadurecido, mais consciente, calejado sim mas por isso mesmo relevando a inexperiência dos mais novos.

Com certeza você não verá anúncios de emprego pedindo por empregados que estejam na sua zona de conforto, por isso mesmo, hoje eu dou as cartas, pois eu quero a todo custo, não ser visto como uma pilha gasta como mostra o enredo de Matrix, o que para muitos tem sido uma verdadeira mutilação emocional por uma boa posição social ou um bom salário, para mim é o reforço do meu valor como pessoa, enaltecer este novo tempo em que eu estou e você também vai estar.

Espero sinceramente que quando chegar sua vez, tenha a felicidade de desfrutar da compensação de um tempo de lutas e desgaste; sim, você um dia vai chegar onde eu estou, desejo sinceramente a todos que aproveitem bem  sua juventude para que quando você se sentir mais lento e com alguns limites naturais, não se sintam obrigados a engolir o mito do eternamente jovem, e que possam ter a satisfação se sentirem livres de toda pressão pela produção, pois, cabe bem a frase, “a fila anda!”, agora é minha  vez de fazer do meu trabalho algo mais do que nunca inteiramente prazeroso, o que tranquilamente chamaria minha exclusiva e justa zona de conforto. Você pode não concordar, eu até entendo, mas te pergunto: se você não está na zona de conforto, onde você descansa? Onde você respira? Onde você repõe suas forças? Onde? Onde?