quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Quem é o seu amante?

 
 
Quem é o seu amante? (Jorge Bucay - Psicólogo)
 
" Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".
Geralmente, são essas últimas que vem ao meu consultório,
para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insônia, apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão",
além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente, eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem meu conselho.
Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas, se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte: "AMANTE" é aquilo que nos "apaixona", é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono, é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso "AMANTE " é aquilo que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro.
Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura,
na música, na política, no esporte, no trabalho, na necessidade de transcender espiritualmente, na boa mesa, no estudo ou no prazer obsessivo do passatempo predileto....
Enfim, é "alguém!" ou "algo" que nos faz "namorar a vida" e nos afasta do triste destino de "ir levando"!..
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem, é o se deixar dominar pela pressão,
perambular por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastar-se do que é gratificante, observar decepcionado cada ruga nova que o espelho mostra, é se aborrecer com o calor ou com o frio, com a umidade, com o sol ou com a chuva.
Ir levando é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje, fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão, de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com "ir levando"; seja também um amante e um protagonista... DA SUA VIDA!
Acredite:
O trágico não é morrer, afinal a morte tem boa memória, e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver...
Por isso, e sem mais delongas, procure algo para amar...
A psicologia após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"PARA  ESTAR SATISFEITO, ATIVO E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ, É PRECISO NAMORAR A VIDA".

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Irmãos se reencontram após 40 anos. E agora?


Irmãos se reencontram depois de 40 anos. E agora?
Aconteceu esta semana como acontece em várias partes do mundo, irmãos não necessariamente biológicos mas com uma importante história de convivência interrompida pela vida e suas exigências. Será que isso tem alguma coisa a ver com bem-estar psicológico? Sim e muito, pois dois pontos importantes permeiam estes encontros especiais.
Primeiramente veja como este  reencontro  provoca antecipadamente uma carga de ansiedade que, dependendo do indivíduo, pode se deparar com a concretização das suas expectativas ou então uma frustração e insatisfação em razão de expectativas não concretizadas, fora outros sentimentos motivados por auto-afirmação, complexo de inferioridade e baixa auto-estima. Outro ponto que quero frisar é o fato de que o tempo é o autor das mudanças. Ainda que o tempo de separação não tenha sido tudo isso, quem sabe, metade disso, já é um tempo significativo, até mesmo para demarcar a adolescência, o ritual de passagem  e efetivamente a vida adulta. A nostalgia que se instala através de uma música antiga, uma obra de arte, até uma antiga amizade, através da recordação do que faziam entre a escola e a família mas essa nostalgia tem uma volatilidade, talvez a beleza seja essa, a de ser volátil, não se sustenta por muito tempo pois a realidade está nos nossos sentidos e nos informa que os tempos mudaram e também as pessoas e, claro nós também mudamos. Isso requer de nós um reconhecimento de que neste reencontro, veremos a mesma pessoa mas não o mesmo ser, portanto, não pode ser vista como alguém que saiu de uma câmara de gelo, a exemplo do personagem do Mel Gibson protagonista do filme Forever Young, este que aliás, ganhou sua idade real no fim da história.
Chama-se Alteridade a capacidade que um indivíduo tem de reconhecer o outro na sua totalidade e na sua plenitude. A carência dessa conduta nos faz perder uma preciosa oportunidade de evoluirmos em nossos relacionamentos humanos, cabendo uma análise critica para uma série de desconstruções necessárias, em especial, a de se sentir o rei supremo sobre os que o cercam, sabemos que estamos num grande barco onde todos remam e o respeito ao outro como pessoa é uma excelente virtude para o indivíduo do Século XXI.
Há que se reconhecer e respeitar a evolução de cada indivíduo, justamente por não sabermos que mudanças aconteceram e cometermos o erro de criar estereótipos, julgar e confiar num antigo olhar, pois nada é para sempre e quer saber, isso é ótimo. Se eu encontro alguém depois de 40 anos, cabe a mim celebrar a vida s os anos passados de aprendizado e, modestamente, procurar conhecer aquela nova pessoa, que é a mesma, porém, muito, muito melhor agora, mais amadurecida, vivida e calejada de várias batalhas; preste atenção pois você hoje pode estar diante de uma pessoa fabulosa, uma amizade que vale a pena ser vivida e celebrada.
Um fraterno abraço a todos

Carlos Alberto Machado Gomes

Psicólogo Clínico e Gerontólogo

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Jardim fechado (Parte 1)




Jardim Fechado

Vou cuidar de mim, do meu interior, hoje em meu jardim só entra o meu amor
Quero meu silencio com perfume e cor,e o maior ruído ser de de um beija-flor.

Écos do passado, bosque abandonado, hoje um belo ramo floresceu
Quero preservar o meu jardim fechado e cuidar do que é somente meu.
Não negar as perdas nem desilusões, nem por isso quero me negar,
Preservar também s outros corações que tem o direito de amar
Vou me respeitar, Vou me perdoar, vou me encontrar, eu vou me amar!

Vou cuidar de mim, do meu interior,
Hoje em meu jardim só entra o meu amor!
Quem souber cuidar do jardim que não é seu,

Quem souber me amar, tanto tanto quanto eu.

jardim fechado (Parte 2)






Estou aqui de volta

Minha alma solta este ar

 que estava preso em mim,

Meu mundo escondido

Que pra mim tem sido tudo 

que me faz cantar assim!


Bosque meio deslocado mas é meu, 

bosque tomado de mato mas é meu,

Tiro os espinhos, deixo florescer, 

deixo o sol entrar e deixo chover


Mas eu vou embora

Fecho bem a porta, 

lá na vida eu quero encontrar

E os outros bosques 

Eu quero preservar

Aprendi que isto é amar!