domingo, 25 de agosto de 2013

o fio finíssimo entre a mágoa e a soberba.


Para  aqueles  que já conhecem as Escrituras Sagradas, o tema é muito conhecido dado a forte tendência do ser humano a se ver envolvido por eventos causadores de rancores e mágoas; os próprios teólogos tem a través da literatura cristã já abordado muito sobre este assunto. Todavia, tratando terapeuticamente sobre este tipo de demanda, o ápice se dá quando alguém reconhece mágoas dentro de si, é hora de escolher o que ele vai fazer desse sentimento, ou decidirá perdoar quem o ofendeu e lhe trouxe dano ou dará outros nomes à sua fuga, nesse caso a redução de danos seria praticamente zero, explico sobre a redução de danos: Quando alguém tem determinado vício, em alguns casos recomenda-se  que ele deixe aos poucos, para que nada seja feito de forma violenta, mas isso também é uma escolha, cada um sabe da urgência da solução de um problema e então tratará de priorizar as saídas da adversidade.

A falta de perdão ao meu ver não afeta apenas a trajetória da vida espiritual, mas também no aspecto emocional , não relevar antigos problemas  de relacionamento, seja conjugal, familiar ou entre amigos, tornam-se um entrave para novas realizações, pois seremos constantemente como que clandestinos na relação com os outros, a busca por substitutivos pode ser legítima mas também pode ser uma forma de camuflarmos nossas frustrações, nada melhor então que agir de forma eficaz contra este pensamento, ainda que o mar seja contrário; com certeza, nos sentiremos vencedores e com ótimas reservas de dignidade, ao perceber que pôde vencer a si mesmo, pois na vida nós é que escolhemos que futuro teremos, espero que o seu seja de muita paz, humildade, harmonia e serenidade.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Praia de Pipa, apenas um sonho, por enquanto!

Crônica: o homem e as árvores



Considere este minúsculo texto uma modesta crônica. Pode parecer um ato de desabafo mas que corresponde a uma desnuda realidade de um momento peculiar no mundo masculino. Hoje de sobressalto me vi fazendo esta analogia que me fez pôr este título. O homem surge como maior ideal, o desbravador, o pai, o sábio, o líder. Porém, se pudéssemos marcar no tempo esta concepção, hoje esta face do gênero masculino é visto como que nos primeiros minutos da nossa história, pois, com o avanço deste gráfico de avanços e mudanças no comportamento humano, diríamos que aqueles adjetivos hoje são mudados em outros sinônimos, como o homem moderno, condescendente, sensível, democrático e solícito.Obviamente o que ainda se evidencia no mundo é ainda uma forte mentalidade machista, através de, não somente quanto aos índices de violência doméstica, abusos, estupros, e não somente isto mas variadas instituições sustentam de forma velada a imagem do gênero masculino, em especial na vida política e na vida religiosa do mundo ocidental. Pensando neste verso lúdico do Gilberto Gil, do grão que “ morre e nasce  trigo, vive e morre pão”, pensei na árvore que um dia floresceu, deu frutos, deu sombra, e hoje, embora fisicamente tenha o mesmo destino, elas se eternizam nos cortes das serras elétricas, tendo um destino que poucos se atém, transformados em papel, livros que alguns lerão mas depois procurarão mais conhecimentos em outros livros, fora outros papeis que terminarão nos picotadores para serem reciclados em alguma coisa que possas ser útil. Os adjetivos hoje atribuídos ao homem gênero, vem na forma de atributos considerados ideais ao bom indivíduo, para que este então se adeqüe e desta forma, faça parte da engrenagem social de forma satisfatória, sem que ele mesmo se nomeie mas que seja nomeado com este conjunto de requisitos do homem ideal, um homem, um homo-script. Voltando a citar o Gilberto Gil: "quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória..." Claro que tudo isso é uma doce ilusão pois hoje temos apenas resquícios de sombras que hoje buscamos, uns poucos poetas, profetas e baluartes da humanidade, pelo eco do que nos deixaram. Cabe a cada indivíduo, independente do gênero, voltar-se para o homem primordial sua razão de ser no mundo, fazendo sobreviver o que mais necessita e não acomodar-se aos rótulos transmitidos pelas instituições formadoras do conhecimento, ao não ser que, semelhante ao papel, apesar de todos os nomes que recebeu na vida, quem sabe haja esperança de que a reciclagem resulte enfim no melhor homem que já existiu.
Carlos Alberto Machado Gomes

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

nosso mundo está esquisito!



          É impossível que isto que isto esteja acontecendo apenas comigo, mas aqui vai uma boa notícia: estamos de parabéns! Explico: Se você quiser saber três fatos interessantes que ocorreram na semana passada, haverá um esforço enorme para recordar pois desde que levantamos, nos automatizamos escravos de coisas que nós mesmos criamos, coisas como despertador, agenda, um rádio para ouvir sobre as condições do tempo e das estradas, e daí em diante todos os nossos movimentos, parafraseando o conhecido  personagem cômico Chapolim, "são friamente calculados", mas na verdade somos condicionados a uma rotina, hoje que é até tema para discussão, se é uma coisa boa ou ruim, enfim, passa-se um dia, uma semana, meses e até anos passam despercebidos por conta dessas nossas traquitanas tecnológicas, que deveriam estar a nosso serviço...



          Para aqueles que passam o tempo subjugados à sua agenda (nada contra ser organizado), é mais fácil deixar-se levar por seus compromissos e até mesmo afazeres extras, como mais tempo no local de trabalho, mais tempo num bar, mais tempo na internet, e assim, vem o alívio ao notar que aquele dia já se foi, apesar de não ter sido suficiente para se fazer o que desejava.

          Tentei achar uma figura para representar  em gráfico como tudo tem-se acelerado, na tecnologia, na economia, nos acontecimentos do mundo, tudo como que correndo numa pressa vertiginosa; daí a grande dificuldade que temos de perceber estas mudanças se não estivermos atentos. 

          Então vem a pergunta: como eu tão sujeito e suscetível a estas  mudanças, posso reconhecer essa dor de existir?Wilhelm Wundt, grande pesquisador da segunda metade do Século XIX, um dos maiores incentivadores do reconhecimento da Psicologia pela ciência, ele privilegiava a capacidade visual para a percepção do mundo que nos cerca, sendo que por algum tempo, até a Gestalt-terapia, pelas pesquisas de Fritz e Laura Perls, mostraram que essa percepção não é uma ação intrisecamente física mas também baseadas na visão do homem e do mundo, através da doutrina holística, na fenomenologia e existencialismo, ou seja, nosso mundo não é apenas o que vemos por nossas retinas, mas o que simboliza aquilo que vemos.

       Por isso não se sinta estranho por notar as mudanças à sua volta, pois somos atravessados intensamente por símbolos, tradições, ritos, modelos, conceitos, preconceitos, estranhamentos, e isso torna cada um de nós pessoas normais. Os que afirmam estar harmonizados com nosso mundo, são os que se disciplinam para se conhecerem e assim lidar melhor com o mundo e as pessoas, sejam religiosos, vanguardistas de um novo comportamento, misticos em geral. 

           É comum uma pessoa iniciar um processo de psicoterapia e proteger-se falando bem sobre si mesmo, do quanto sua família é espetacular, de quanto seus amigos são especiais, mas gradativamente, com ajuda terapêutica ele passa a dar conta de que ele não é tudo aquilo, ele é uma pessoa normal, que sua família é uma família normal e seu mundo não se consertará porque não há o que consertar, pois da mesma forma como nosso corpo, é inadmissível que alguém deseje crescer proporcionalmente, seríamos grande  bebês e nosso peso normal seria talvez uns duzentos quilos, em nada mudaríamos e nossas cidades  deveriam se adaptadas a uma população de bebês.

Sim, o mundo se transforma a cada dia assim cono nosso corpo, por isso, ao acordar, não tenha pressa, respire fundo, alongue-se, sinta seu corpo,seus sentidos, decrete a si mesmo um ótimo dia e seja proativo, faça um filtro de tudo que você ouve e vê, tire os melhores proveitos, pois é melhor que reconheças as esquisitices que nos cercam do que negar a sua realidade e viver debaixo de alienação e anestesia existencial, caindo muitas vezes no descaso com o coletivo. Lembre-se de que, quem vai ao médico, não inventa uma dor mas descreve seu desconforto, reconhece seu sofrimento e assim, recebe o apoio terapêutico que não é apenas a prescrição de uma medicação, mas a palavra de quem "sabe" sobre seu corpo e sua saúde, e isso é um dos pilares da formação do psicoterapeuta, nossos psicólogos clínicos.

Carlos Gomes